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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Cada um tem seu bode expiatório



"Bom, cada um tem seu bode expiatório..." Kiko (porta voz do senso comum)

Pois sim, eis que volto a escrever, e o tema vem bem a calhar porque também tenho meus bodes expiatórios para justificar a ausência de textos. Mas como bem diz Seu Madruga:-" não tem trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar(!)" , então vamos em frente (adiante):

Como a maioria sabe bode expiatório é o culpado, ou melhor, o que leva a culpa sem ser diretamente o culpado real, e que acaba absorvendo essa culpa que é jogada sobre ele. Os "bodes" não são apenas individuais e bem definidos como faz supor a frase do Kiko mas também coletivos (muitos tendo o mesmo "bode") e abstratos (a economia, os bancos , o sistema, os energéticos!)

E a filosofia? Qual seu bode expiatório? Bem...o mais conhecido e mais comum é justamente o senso comum. O que se entende por senso comum nessa perspectiva são frases feitas, pré conceitos, busca pelo normal,discursos que encontram o apoio da maioria. Já a filosofia busca o contrário, busca o pensar por si mesmo - mesmo que muitas vezes se apoie nos pensamentos de outros- a reflexão, um pensar a vida, e porque não dizer um viver o que se pensa, ao invés do que prega o tal do senso comum.

Essa idéia me moveu a fazer filosofia, que de tão apaixonante consegue ir além até mesmo dessa percepção tão presente e arraigada no campo filosófico. Uma das coisas que mais me surpreenderam quandoestudante de filosofia foi tomar conhecimento de quem defendesse o senso comum, como Oswaldo Porchat no seu Rumo ao ceticismo, e mais incrível vivendo o senso comum:- "saboreando a vida cotidiana, com suas
alegrias e tristezas, com seus problemas grandes e pequenos..." Já citei por aqui a história da camponesa e Thales de Mileto:" Thales está andando,olhando para o alto filosofando, até que não vê e cai num buraco, nisso "uma simples camponesa de nobre coração que vai todos os dias coletar lenha" ri e diz: - Ai esses filósofos. "
Essa anedota usada para mostrar a ignorância do senso comum que só vê uma queda e ignora os complexos pensamentos filosóficos é vista de outro ângulo. Colocando o filósofo como dogmático que se acredita superior , isolado numa torre de marfim e longe do cotidiano e dos problemas mundanos. Tá certo que Porchat revê depois sua posição, vendo o quanto o senso comum é dogmático, mas não deixa de ser surpreendente essa sua defesa do senso comum,algo bastante incomum na filosofia pra dizer o mínimo, assim como é incomum no fim do episódio Seu Madruga pagando o aluguel.


links
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bode_expiat%C3%B3rio
http://pt.wikipedia.org/wiki/Senso_comum
http://www.odialetico.hd1.com.br/filosofia/prefacio.htm
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/porchat.htm

Livros
Rumo ao ceticismo - Oswaldo Porchat Pereira
Apresentação da Filosofia - André Comte Sponville

Texto sem revisão, Florinda Meza terá que se ausentar por um tempo (poderão ver o quanto o trabalho dela é bom), fica a torcida que ela volte logo a revisar, e porque não dizer, que volte a fazer a alegria do professor Girafales :)