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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cante Kant I can´t (!)

" Se ocupe com os alunos medianos, os excepcionais se viram sozinhos e os muito ruins demandam demasiado esforço"
(Frase atribuída a Immanuel Kant) 



* post inspirado na sugestão de um dos meus mais antigos leitores Edward, valeu! Quem tiver também alguma sugestão é só escrever.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Foucault e Chaves (2)

"Mas eu não rezei para que encontrassem o ladrão. Rezei para que o ladrão se arrependa e se torne bonzinho..." (depois, música reflexiva e triste)


Fiquei de escrever essa continuação e ao contrário da terceira parte do episódio dos piratas que nunca foi ao ar (pelo menos aqui no Brasil e todos outros países fora o México), cumpro a promessa de uma outra parte e escrevo a continuação.
Na primeira parte tinha dito que falar sobre Foucault seria complicado e desagradaria tanto quem gosta quanto quem desgosta do filósofo francês. Continuo dizendo isso , falar sobre Foucault é complicadissississimo por várias razões desde a complexidade dos seus textos em si, até tudo que se fala sobre ele de bom e de ruim, numa espécie de "mística" que paira sobre a figura dele. Como já disse também, agora desagrado os "antifoucaultianos", não que eles precisem de um texto para serem mais desagradados, Foucault já fornece material e polêmica suficiente. Chamado as vezes de irracional e sem lógica, acredito que a idéia comum e a lógica de "bandido é bandido", a idéia que quem estuda a origem e procura uma explicação da criminalidade é defensor da bandidagem, essa sim é a verdadeira irracionalidade. * 
Um dos livros mais importantes escritos por Foucault é Vigiar e Punir. O livro começa pela narrativa da tortura, suplício e esquartejamento de um parricida, em 1757. A narrativa é feita em detalhes e acaba dando ênfase da diferença dos dias de hoje e de como essa tortura com o tempo (isto é, ao longo dos séculos XIX e XX), transmuta-se em outra coisa, transfere-se para outro lugar. Não só passa do corpo para a “alma”, a tortura deixa também de ser prerrogativa de quem detém um poder político que se sustenta fortemente na moral religiosa, no crivo religioso, para passar a ser prerrogativa do poder legal, do poder educacional, do poder psiquiátrico, do poder presente no trabalho etc. Em outras palavras, passa a ser tortura disseminada, difusa, ou seja, praticada em todo lugar mas sem esse nome e sem que se consiga perceber. 
E o que isso tem a ver com o nosso querido seriado? Pois sim...nesse episódio depois do exílio o garoto Chaves vai se confessar com o padre (logo no começo do livro de Foucault a condenação de Damiens - o parricida- é pedir perdão publicamente diante da porta principal da igreja de Paris), depois reza pra que o ladrão se torne bonzinho e se arrependa, ou seja, que sua alma seja curada. E de fato o ladrão fumad...digo sr. Furtado acaba se arrependendo e ficando bonzinho mas através da própria consciência, ao contrário do que normalmente acontece e da descrição do filósofo de que o Estado- presente no sistema prisional com a sua punição baseada na disciplina e vigilância- pretende não necessariamente fazer justiça ou mudar consciências, mas sim manter o status quo e a sociedade do jeito que está.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1504200815.htm
http://viniciusfigueira.wordpress.com/2012/06/30/foucault-vigiar-e-punir-resenha-para-preguicosos/
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saiba-mais-obra-vigiar-punir-michel-foucault-678921.shtml


sábado, 21 de setembro de 2013

O passeio do Girafales (cético) *

-"Não diga assim com tanta certeza, somente os idiotas tem certeza do que dizem!" (Professor)
- "Tem certeza?" (Madruga)
- "Completamente!" (Professor)

O ceticismo tão presente na ciência teve seu início na filosofia. Pirro de Elis foi o primeiro cético que se tem notícia, muita coisa se perdeu e pouca coisa se sabe de seus escritos , o pouco que sabemos vem de seus contemporâneos e de toda uma filosofia tentando refutar o ceticismo, de Descartes à Agostinho.
O que é buscado na filosofia de Pirro é a ataraxia - tranquilidade da alma. Não se trata de tranquilidade psicológica ou mesmo uma simples paz mas algo além disso, fruto de uma experiência filosófica presente em estágios. O cético é fiel ao que lhe aparece, ao que chega através dos sentidos (fenômeno) "primeiro ele vai em busca da verdade (zétesis), depois se depararia com teorias conflitantes (diaphonia), cada qual pretendendo ser a única verdadeira. Dada a falta de um critério para decidir qual dessas teorias assim opostas é a verdadeira – já que os critérios dependeriam eles próprios das teorias e não seriam imunes ao questionamento – considera que todas têm igual peso (isosthenia). Incapaz de decidir entre elas, de fazer uma escolha, o cético se encontra então forçado a não se pronunciar (afasia) e, portanto, a suspender seu juízo (epoché). Ao fazê-lo, descobre-se livre das inquietações, alcançando, assim, a tranqüilidade da alma (ataraxia)."
A crítica aos céticos como eu disse no começo é muito presente na filosofia, ao se ver os céticos em filosofia é comum ouvir que é algo fácil num primeiro momento, simplesmente suspender o juízo para tudo, isso é muito fácil dizem, mas há de se lembrar que o ceticismo combate em primeiro lugar com essa filosofia o dogmatismo. É comum pensar que hoje em dia as pessoas são  mais céticas , isso é falado até em tom negativo mas ainda há muito dogmatismo no mundo, inclusive nessa frase do nosso querido professor linguiç... digo Girafales que depois de dizer a frase do começo cai no próprio dogmatismo através da pergunta que pode levar a ataraxia:" - Tem certeza?", a frase do professor é um dogmatismo presente no próprio ceticismo que ela propõe, é bom dizer.
Os céticos e o ceticismo ainda são necessários principalmente hoje em dia onde não há tantas certezas e as pessoas acabam ficando carentes de algo em que acreditar. Nesse estado o autoritarismo se faz presente com o dogmatismo que o ceticismo combate. Vejo os céticos sendo aquelas pessoas a lembrar-nos de sermos cuidadosos em nossas crenças muitas vezes dogmática, mesmo que sejam crenças científicas (!) encerro o texto com uma bela frase de Carl Sagan que ilustra um pouco isso:
"- A ausência de evidência, não significa a evidência de ausência"

* o título remete a um livro de Diderot "O passeio do cético"
http://revistacult.uol.com.br/home/2010/03/o-inicio-sexto-empirico-e-o-ceticismo-pirronico/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sexto_Emp%C3%ADrico