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domingo, 11 de janeiro de 2015

Chaves suis Charlie? (para entender Francês preciso de três coisas, que se fale alto , devagar e em português)

Muito é dito sobre o humor chavístico ser ingênuo, leve e inofensivo. De fato o seriado não faz sátira religiosa, nem representou Maomé. É possível que muitos saibam que Chespirito antes de criar o seriado já fez programas com outros formatos, um deles "los supergenios de la mesa cuadrada" era um programa satírico semanal em cima de notícias reais. Dizem que Chespirito desistiu do programa depois de uma sátira em cima de um ator ser feita e na semana posterior o ator em questão vir a falecer. 
A questão aqui nem é decifrar se Roberto Gomez Bolaños iria aderir ou não a campanha em favor da revista francesa, até porque há muitas questões envolvidas que me fazem suspender o juízo sobre a questão, principalmente as teorias de conspiração e afins. Independente de qualquer coisa acredito que o atentado foi terrivelmente lamentável, mesmo tendo muita coisa mal explicada a questão de que as charges eram exageradas e de mau gosto a meu ver não devem ser levantadas (blasfemar não é crime e não deve ser punido de nenhuma forma a não ser com boicote, críticas e afins), outra coisa é que a religião muçulmana merece críticas como qualquer outra religião , isso está longe de ser islamofobia.  A islamofobia já vem de muito tempo devido ao crescente número de imigrantes suprindo empregos que os franceses não atendem à demanda. Obviamente muitos, inclusive os franceses, sabem que há muçulmanos honrados, a questão é que assim como os católicos mais progressistas, estes muçulmanos são pessoas que transcenderam aspectos complicados da religião.
Existe todo um lado de um atentado desse tipo servir a uma extrema direita xenofóbica , a mídia já tinha uma história pronta rapidamente atribuindo a Al-Qaeda baseada nas falas dos assassinos; e ainda seguindo o raciocínio o gasto foi extremo em uma operação complexa para atacar cartunistas (não duvido do fanatismo presente em todo mundo, inclusive através do capitalismo com pessoas paranóicas matando outras para proteger seu patrimonio mas não deixa de ser estranho uma operação desse tipo com cartunistas, no mínimo há interesses envolvidos e me arrisco a suspender o juízo) , mas voltando a questão, acredito que Chespirito iria aderir e se solidarizar com os cartunistas em favor da liberdade de expressão. 
Entretanto, outro lado que viria provavelmente da recusa em se solidarizar com os cartunistas é justamente evocar o desrespeito a religião e nisso entra o humor chavístico supostamente "puro". Mas como já escrevi aqui, Chaves pode ser considerado machista e homofóbico dependendo da interpretação (ou falta dela). A questão sobre a revista francesa ser de mau gosto e um humor que ataca os fracos (o Islã no caso) se provou totalmente equivocada e torna-se difícil mesmo diante de toda questão dos muçulmanos serem vítimas de preconceito e xenofobia não separar as coisas. Ser anticlerical diante de tudo o que aconteceu e acontece na religião é uma posição extremamente válida. A religião principalmente no passado e inclusive hoje não deixou de ser o lado mais forte no domínio da cultura e mentes humanas, portanto não se trata de tirar sarro com os fracos ou oprimidos.
Chaves apesar de toda uma suposta "pureza" também gera polêmica seja até por ser simples , seja por tratar das questões da América Latina, seja pelas questões ideológicas de Chespirito tratadas aqui e aqui .
Por fim os que evocam uma pureza chavística , um certo juízo moral quanto a um humor inofensivo sendo superior a algo mais debochado são os que ignoram que o o humor carrega algo de subversivo por mais que não aparente. O riso invade mais fácil e intensamente que teorias e o humor precisa de coragem ou perde seu caráter subversivo e passa a ser subserviente ao conservadorismo. 

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Ano novo , músicas velhas conhecidas...













ps- e por aí vai (!)