tag:blogger.com,1999:blog-45735054349055699072024-03-13T03:34:24.653-07:00Chaves e a filosofiaMillor Fernandes:"-Genial"
Veja:"-Chaves é Lulista"
Chavez(Hugo):"-Satanáis..."
Obama:"- another cat" (outro gato)Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.comBlogger112125tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-48230296985443752362022-12-31T05:24:00.007-08:002022-12-31T05:28:38.860-08:00Um ano mais e como não poderia deixar passar: Pelé.<p style="text-align: justify;"> Como de praxe, ano novo e sempre desejamos a toda equipe técnica (eu), um ano mais. Nesse ano de algumas boas alegrias e mortes de pessoas importantes. Jô Soares que sempre foi simpático ao seriado levando dubladores e os próprios personagens para entrevistas e mais recentemente o rei Pelé faleceu.</p><p style="text-align: justify;">Entre polêmicas vazias ou não, para quem admira o esporte é incontestavelmente o melhor jogador dentro das quatro linhas. Mesmo que cometam anacronismos e falas a la Felipão que antigamente amarravam cachorro com linguiça (não se trata do professor Girafalles). O caso é que Pelé de fato é eterno em sua genialidade. Não o vi jogar mas de relatos e afins dá pra saber que não é verdade que o futebol não era competitivo nessa época, Pelé foi sempre muito bem marcado, às vezes até com violência que era devidamente respondida e revidada. No único título da Inglaterra esteve fora dos jogos decisivos, ganhou 3 copas e toda mágica em torno do seu nome não é a toa.</p><p style="text-align: justify;">Mas enfim, aqui falamos de Chaves e a famosa frase sobre o filme do Pelé na verdade é sobre um outro filme, do próprio Roberto Bolaños, que ele promovia no seriado sobre um roupeiro que sonhava ser jogador de futebol (<i>El Chanfle</i>, algo como "o incrível").</p><p style="text-align: justify;">As alusões futebolísticas no seriado são recorrentes e o criador do seriado Roberto Gómez Bolaños registra em sua autobiografia o tanto que o futebol fez parte de sua vida, desde a copa do México em 70, até o fato de ter conseguido conhecer seus maiores ídolos no esporte: Maradona e Pelé.</p><p style="text-align: justify;">Então é isso, apesar dessa despedida do maior futebolista de todos os tempos, sempre poderemos revisitar o..."filme do Pelé". </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0iv84LUKpgKHeyO4bi0-Tk7ibLsh8rr_b2SJmcXZRKGXOQeQdOHWM_HPjgMGzSZSorBdme3ZT9uKsovQ0k46ipRm20psW1IwjjdX8TkEtRQ61lp6GP1iyzSQq21YW6qyIl-KRxzusNnf0Hy_Ywvla1oD60oE-qIpSBq628jv9QLI_lwFoFauCWSkP1g/s2048/322539044_729745528503623_4004474778083470411_n.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1745" data-original-width="2048" height="273" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0iv84LUKpgKHeyO4bi0-Tk7ibLsh8rr_b2SJmcXZRKGXOQeQdOHWM_HPjgMGzSZSorBdme3ZT9uKsovQ0k46ipRm20psW1IwjjdX8TkEtRQ61lp6GP1iyzSQq21YW6qyIl-KRxzusNnf0Hy_Ywvla1oD60oE-qIpSBq628jv9QLI_lwFoFauCWSkP1g/s320/322539044_729745528503623_4004474778083470411_n.jpg" width="320" /></a></div><br /><p style="text-align: justify;"><br /></p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-8359549748264761332022-12-22T13:46:00.020-08:002023-01-28T15:53:46.470-08:00Hegel e Chaves<p> Extraaaa, extraaaaa 10 pessoas enganadaaas, extraaaaa (chavinho anunciando um final infeliz da Razão)</p><p style="text-align: justify;">Bom, apesar da frase inicial a ideia não é enganar ninguém aqui. Vou tentar escrever sobre Hegel e Chaves sim, mas não chegaremos no âmago do pensamento hegeliano. Mesmo com o amplo material e acúmulo disponível ainda há muito trabalho sobre o pensador Hegel. Desde leituras heterodoxas até leituras mais ortodoxas.</p><p style="text-align: justify;">O aspecto que eu pretendo focar aqui é breve, talvez até brevíssimo e vocês poderão se informar com pessoas que sabem muito mais de Hegel do que eu. Tem o...não esse não, tem também o...não, ahh tem aquele...não esse menos. Mas enfim, deve haver alguém explicando Hegel bem na internet. Prefiro não citar ninguém devido não saber se as pessoas gostariam de ser citadas nesse humilde blog.</p><p style="text-align: justify;">Pois sim, já tivemos Kant por aqui nessas bandas, naquela postagem sobre os sucos, ou refrescos (o que parece, tem sabor ou o que é). Hegel parte do "muro conceitual" erguido por Kant e constrói mais coisas partindo dali. Se ele é mais kantiano do que gostaria de admitir, se sua filosofia é...uma viagem, não entramos aqui nesse mérito.</p><p style="text-align: justify;">Como diria Seu Madruga ao Chaves em sua leitura pausada de epístolas ("não faça vírgulas"), então sigo daqui, a partir do que postei no texto sobre Kant, procurando evidenciar justamente certo prosseguimento epistemológico. Há toda uma discussão em Kant sobre o conhecer e o conhecimento, empirismo e racionalismo. Hegel parte de uma proposta de resgate da metafísica, porém uma metafísica que passou pelo crivo kantiano. </p><p style="text-align: justify;">Nisso, chegamos a célebre frase do racional ser real e o real ser racional que apesar de ser famosa alguns qualificam como equivocada do ponto de vista da tradução (o correto seria que o racional é efetivo...), só que, partindo do que queremos mostrar nessa postagem, há um encaixe com a situação do episódio do Chaves vendendo jornal vencido ao Seu Madruga.</p><p style="text-align: justify;">A verdade empírica, fechada numa lógica de tempo e espaço, faz com que o sujeito ao ver um jornal de ontem entenda ter sido enganado. E de fato houve uma trapaça. Só que se a compra ocorresse no dia anterior o jornal seria atual. </p><p style="text-align: justify;">Não há um final feliz para Seu Madruga na estória. Hegel, por sua vez, numa leitura clássica, possui um percurso de final feliz para a Razão. Mas aí cabe fazer a questão: estamos enganados quanto a teoria de Hegel, tal qual Seu Madruga e seu jornal de ontem?</p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-29777826434355428712022-12-01T10:43:00.004-08:002023-01-28T15:54:47.528-08:00Deleuze e Chaves<p style="text-align: justify;">Pois sim, Deleuze e Chaves aqui mas não, não é algo que se pretende muito profundo, ao contrário, ficaremos no nível mais prosaico. Aliás, num movimento de desterritorialização da profundidade, por que não dizer isso aqui? Principalmente ao se falar de Deleuze, parece que essa palavra, "desterritorializar", gerava algum ganho material ao nosso filósofo, pois é citada de forma bem ampla por toda obra deleuziana.</p><p style="text-align: justify;">Eis que o paralelo que pretendo fazer por aqui são os desenhos. E veremos que tanto em Chaves quanto em Deleuze o mote de: - "vou desenhar para você entender", não é tão aplicável.</p><p style="text-align: justify;">Os clássicos desenhos de Chaves e Kiko transbordam de certo surrealismo interpretativo. Alguém maldoso poderá dizer que tal qual o empreendimento de Chaves e a Filosofia mas já lidamos com isso na postagem passada então seguiremos aqui. </p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgvEilfXArId-E5yciEmxn169PtVKkCCK8Cs20DoFq2kEDgIqasE1DCln0s8gMOtxUqZjsZD4-d3GBLrA23MN3XOu3GH0D6X_mWHL5-RRmv0MGxMBUkv2F63JsvsL2xQBRDXQ_Kq6KjqlWXx_GRSJesSyxoYcD8M3mwywlapSkg4zrReU7oNuAqSvxPg/s240/download.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="240" data-original-width="210" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgvEilfXArId-E5yciEmxn169PtVKkCCK8Cs20DoFq2kEDgIqasE1DCln0s8gMOtxUqZjsZD4-d3GBLrA23MN3XOu3GH0D6X_mWHL5-RRmv0MGxMBUkv2F63JsvsL2xQBRDXQ_Kq6KjqlWXx_GRSJesSyxoYcD8M3mwywlapSkg4zrReU7oNuAqSvxPg/s1600/download.png" width="210" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Começamos com a ordem mais ou menos parecida com a do seriado, primeiro temos a primeira figura do lado direito que se trata de um tabuleiro de xadrez para principiantes (inclusive algumas figuras políticas tidas como enxadristas poderiam ter dificuldade de jogar mas não vem ao caso). A figura do lado esquerdo do xadrez é o sanduiche de ovo (ao falar já entendemos tudo que estava encoberto de significado num primeiro momento). Depois, mais abaixo, os desenhos complementares: a máquina de escrever de uma tecla só (do lado direito) e uma carta escrita com essa máquina (do lado esquerdo canhoto). Por fim, temos um lápis apontado diversas vezes (com o apontador e não com a imaginação, segundo Chaves). E para terminar, ao que parece, nesse desenho que achei, botaram um quadrado no lugar do desenho mais explícito que é o do professor linguiç...digo Girafalles.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Já em Deleuze e Guattari (esqueci de mencioná-lo mas é conjuntamente autor com Deleuze em muitas obras), no livro <i>O que é a Filosofia,</i> que num primeiro momento pode parecer um livro tranquilo e de fácil compreensão (spoiler: não é), há dois desenhos que chamam a atenção, começo do menos surreal para depois ir até o que é mais desconcertante e misterioso.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO5xB-PI7tfjMjgDd69ImDFJYHpMIPMzQi098ZmO4BBvhQI_Wg7tN-uzXD0b6sEhEBgUIKqTWrngPXtXltuCBxLcSXI4Fmcpa0RwQw-tBt19v9B3IYth1nvjw0JhR_4VyCZ07S1aM7O5GpmKzu8OUHXWysO6iDqS74SqgBlZ-TueZgiVC9E4TA73gnFw/s862/Deleuze%20Conceito.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="511" data-original-width="862" height="190" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO5xB-PI7tfjMjgDd69ImDFJYHpMIPMzQi098ZmO4BBvhQI_Wg7tN-uzXD0b6sEhEBgUIKqTWrngPXtXltuCBxLcSXI4Fmcpa0RwQw-tBt19v9B3IYth1nvjw0JhR_4VyCZ07S1aM7O5GpmKzu8OUHXWysO6iDqS74SqgBlZ-TueZgiVC9E4TA73gnFw/s320/Deleuze%20Conceito.png" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Em linhas gerais, esse desenho representa o que é o conceito (em seus desdobramentos), algo que é essencial no livro de Deleuze e Guattari. Ao explanar sobre Descartes em sua conceituação do Cogito (Penso logo existo) temos essa representação de: duvidar, pensar e ser, com enlaçamentos "virtuais" que ligam e conectam o conceito em sua imanência (eu avisei que era complicado) mas de qualquer forma temos aqui o primeiro desenho. E quem sabe ele não foi feito na aula tal qual no nosso nobre seriado (?)</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG5TLp5o2AaI_vLFly8-l1eHZvffv8_mgy47NZAAdV0U4M5Xsp5hLvXrOfH8EMnZtHOEiY5YE-HtUeq1ElXCieN5eoUa7zNDBvb3TEOTPpwEzXMFrhNztVqUnmzZ9_8RJhoiGfqdlJglhV-O2KOroPsxN63QoiRCvj9cDdPdbpH-vG3Vxt33gfFzop5g/s862/Deleuze%20Kant.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="622" data-original-width="862" height="231" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiG5TLp5o2AaI_vLFly8-l1eHZvffv8_mgy47NZAAdV0U4M5Xsp5hLvXrOfH8EMnZtHOEiY5YE-HtUeq1ElXCieN5eoUa7zNDBvb3TEOTPpwEzXMFrhNztVqUnmzZ9_8RJhoiGfqdlJglhV-O2KOroPsxN63QoiRCvj9cDdPdbpH-vG3Vxt33gfFzop5g/w436-h231/Deleuze%20Kant.png" width="436" /></a></div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">Temos o segundo desenho e evitemos aqui piadas sobre Olavo mas literalmente é isso mesmo, temos uma caveira desenhada. Simplesmente representa a filosofia kantiana para Deleuze. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">"1. - O "Eu penso" com cabeça de boi, sonorizado, que não cessa de repetir Eu = Eu. / 2. - As
categorias como conceitos universais (quatro grandes títulos): fios extensíveis e retrácteis seguindo o
movimento circular de 3. / 3. - A roda móvel dos esquemas. / 4. - O pouco profundo riacho, o tempo como
forma da interiorida-de na qual mergulha e emerge a roda dos esquemas. / 5. - O Espaço como forma da
exterioridade: margens e fundo. / 6. - O eu passivo no fundo do riacho e como junção das duas formas. / 7. -
Os princípios dos juízos sintéticos que percorrem o espaço-tempo. / 8. - O campo transcendental da
experiência possível, imanente ao Eu (plano de imanência). / 9. - As três idéias, ou ilusões de transcendência
(círculos girando no horizonte absoluto: Alma, Mundo e Deus)." (Deleuze e Guattari O que é a Filosofia? p.75)</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">E chegamos ao final dos desenhos, apesar desse último ser simplesmente mais parecido com o desenho do professor linguiça que rendeu alguns biscoitos para o nosso pobre chavinho, a carga conceitual e falta de obviedade não deixa de remeter a arte dos nossos personagens.</div><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"> </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><br /></div><br /> <p></p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-84780794557506601602022-11-19T06:35:00.007-08:002022-11-19T07:21:46.827-08:00Que m...é essa de Chaves e a Filosofia?<p style="text-align: justify;">Retomo o blog com um "incentivo", um amigo internético ao saber da empreitada sobre Chaves e a Filosofia presume se tratar de algo...pífio, vulgar, tolo e todos adjetivos professorais que conhecemos do próprio seriado (vide Girafalles se referindo ao trabalho madruguístico). E ao contrário de desanimar fiquei animado em retomar com a escrita. Por mais parado que esse site esteja, inclusive não figurando mais em busca de google. O ato de escrever corre solto quando me proponho a isso, numa internet quase que pré redes sociais. </p><p style="text-align: justify;">O marketing atual quase que onipresente adiciona camadas de neoliberalismo (sim vou usar essa terminologia sem dó aqui). O pós fordismo se instaura numa corrida para buscar um lugar ao sol do vício alheio. "Jogue o jogo", "não faça juízo moral, faça o que o algoritmo manda", "não pense, produza". </p><p style="text-align: justify;">Sim, não há o almejado sucesso aqui, é possível apontar o dedo para uma suposta frustração de alguém que não ganhou nada na internet em termos monetários mas a despeito disso há um certo orgulho do amadorismo, no que ele representa em tempos de monetização de paixões.</p><p style="text-align: justify;">O dito <i>Culto do Amador, </i>desenvolvimento em livro sobre a falta de critério técnico e profissional promovida pela internet, dá lugar hoje a profissionais gabaritados obrigados a agir em um mundo cão de algoritmos, conjuntamente com o número de curtidas e afins como critério de validade.</p><p style="text-align: justify;">Já ouço os ecos de suposto elitismo de minha parte, numa variação do "não pense, produza direito, ok?", "vá a luta", "trabalhe enquanto os outros reclamam (pensam)". Porque é isso que se trata os conselhos de produtores de conteúdo, a proposta de não se parar para pensar. Blog? Joga essa m...para o alto, foque no que está fazendo sucesso, siga a fórmula. Pare de brincar de internet. Então, retomando o ponto do Culto do Amador, o que temos é o culto-coach-empreendedor. Trate sua experiência na internet como uma empresa.</p><p style="text-align: justify;">Se ganha muito dinheiro (tenho quase certeza que mais do que ganho num trabalho formal) mas do que vejo o trabalho é muito grande. Pessoas que ao mesmo tempo ensinam os truques (lunático, o ladrão, tal qual os mestres do iôiô) e se dizem cansadas, que invejam quem tem o "poder" de simplesmente "fazer nada" durante o final de semana, porque nessa de monetizar as paixões tudo precisa se transformar em produto, o tempo todo. O sempre criticado "viver no final de semana", vira um oposto exaustivo, o exaurir a vida de tudo, inclusive dela mesma. Não se espera o final de semana, se espera o final da festa, só que não há festa. Muitos querem entrar nessa suposta festa mas...não há festa.</p><p style="text-align: justify;">Enfim, mas e Chaves e a Filosofia? Ele segue, como um produto, mas que ao mesmo tempo não quer ser produto. Criticável sim, só que o desvio da crítica é tranquilo. Inclusive me animo mais com algo como "Que merda é essa?", do que problematizações vazias, ao que parece tuiteras, de que o seriado é politicamente incorreto e que o empreendimento Chaves e a Filosofia é moralmente condenável porque...porque sempre se está errado para suprir as expectativas pós modernas. Portanto, segue o jogo, com os que ganham, os que perdem e os que reclamam de tudo. </p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-4132922955094941032021-08-08T16:13:00.004-07:002021-08-08T16:13:52.071-07:00Paradoxo de Girafalles X Paradoxo da tolerância<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://1.bp.blogspot.com/-SsMLwWoXyg0/YRBhDhMbzRI/AAAAAAAAAL0/J-1GowNOMf02J0mer48cPhNOw4Of6TTsgCNcBGAsYHQ/s666/DYslOmcXcAAm5nR.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="648" data-original-width="666" height="311" src="https://1.bp.blogspot.com/-SsMLwWoXyg0/YRBhDhMbzRI/AAAAAAAAAL0/J-1GowNOMf02J0mer48cPhNOw4Of6TTsgCNcBGAsYHQ/s320/DYslOmcXcAAm5nR.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p style="text-align: justify;">Aproveitando o mote das olimpíadas é possível falar um pouco sobre a "selvageria, ante-sala do manicômio" e outros adjetivos utilizados pelo nosso querido personagem professor Girafalles. É até interessante porque frente um comentário anterior de um "leitor" revoltado com um suposto politicamente incorreto do seriado, é uma fala no seriado que teria um discurso totalmente contrário e bem politicamente correto, por assim dizer. Algo que é associado a uma anti-violência. E a filosofia? Pois sim, ela possui um pouco disso. É quase sempre dito que a filosofia em seu discurso racional é o oposto de uma violência. Adorno, Eric Weil, até mesmo Arendt e vários outros exemplos sempre se colocaram numa posição de repúdio a violência. Quase que num imperativo de fala em que onde entraria a violência a filosofia sairia pela outra porta. A perspectiva corrente no século XX é de que o nazismo fez ver os limites da razão, os limites do diálogo possível frente um outro violento. E dentro do famoso paradoxo da tolerância (Popper) vemos um professor Girafalles inimigo fidagal da luta mas que mesmo assim se empenha em não ser tolerante com o boxe praticado pelo garoto Chaves. Mas tal qual o filósofo será que há razão nisso? Uma crítica ao austríaco se pauta em justamente contestar que a crítica em sua "open society" a ditos totalitarismos de sistemas platônicos e afins é praticada da mesma maneira em sua visão e idealização. Da mesma forma, uma outra visão crítica sobre a violência tem sido refletida a partir da inserção de pensadores como Frantz Fanon, afinal, dentro de toda violência perpetrada por um sistema fundado na mais profunda violência colonial, seria possível desconsiderar e criticar o uso para fins de resistência? Sem respostas aqui ficamos com o clássico, pode ser que sim, que não mas o mais correto é: quem sabe? </p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-76213871859493532262021-08-01T16:59:00.007-07:002021-08-01T17:04:38.769-07:00Russell, Bukowski e professor Inocêncio Girafalles <p style="text-align: justify;">Pois sim, retomo o blog depois de muito tempo. O cringe blog de internet. Apagando alguns comentários de direitosos raivosos (a que ponto chegamos*) e tirando o enferrujado do escrever nessa plataforma tão antiga. O prazer dos escritos em blogs merecem até uma atenção extra. Não sei exatamente dizer ao certo mas ao que parece as problemáticas falas do filósofo Agamben tomaram forma em um blog pessoal. Então retomamos o pacote cringe incluindo a filosofia nesse caldo.</p><p style="text-align: justify;">Há um meme/imagem famoso que tem uma frase atribuída ao escritor Bukowski que diz que o problema do mundo é que as pessoas inteligentes estão cheia de questões enquanto as idiotas estão cheia de certezas. Entretanto essa frase não é do escritor estadunidense (chorem direitosos?) mas do filósofo inglês Bertrand. Bertrand Russell. A ideia aqui não é adentrar na filosofia do inglês voltada principalmente às questões mais abstratas da lógica que ligam a filosofia às matemáticas, mas sim focar nessa frase.</p><p style="text-align: justify;">Enquanto o nosso querido professor Girafalles tem várias frases nesse caminho que até entram em confronto com isso diretamente. - "os idiotas sempre tem certeza do que dizem", há também o clássico: "só me enganei uma vez, quando achei estar enganado". </p><p style="text-align: justify;">Retomando a frase do filósofo inglês lá atrás (atrás mesmo não adiante), isso pode ser levado em um outro patamar menos rasteiro. Afinal seria um sintoma para a própria filosofia? Tirando o impacto e juízo de valor com idiotas e inteligentes, a filosofia hoje se permite ter certezas? Ou é próprio da filosofia sempre ser atopia (sem lugar) e aberta para tudo, inclusive para todo tipo de dúvida? Dentro da filosofia de Russell talvez certezas fossem o norte mas atualmente muitas das suas próprias certezas filosóficas foram postas em dúvida (enquanto estava vivo também). Uma outra perspectiva de resposta se ampara em uma raiz comum da filosofia na forma do clichê que filosofia é o reino das perguntas. Tomando por base Platão e seus diálogos que dão margem a um infinito vislumbre do Logos nessa forma de escrita, não há problema, mas sim uma condição sino qua non da filosofia nesse suposto clichê. A inteligência da filosofia deveria se primar por estar cheia de dúvidas. Mas aí chegamos numa certeza? Aí que está. É justamente esse tipo de pegadinha que pega o nosso personagem no contrapé: - Somente os idiotas tem completa certeza do que dizem. - Tem certeza? - Completamente!!</p><p style="text-align: justify;">Ops.</p><p style="text-align: justify;"> </p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="text-align: justify;">*uma certeza aqui pra esses ignóbeis: não há qualquer pudor em eu me dizer de esquerda aqui, sua denúncia é vazia, tomamos essa afirmação na direção contrária, um atestado de não cretinice e elogio. </p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-52237769510613714202021-02-01T07:11:00.004-08:002021-02-01T07:15:12.281-08:00Paradoxo de ChurruMênon<p style="text-align: justify;">Posto aqui o excelente texto de Tiago Magalhães (Mestre e Doutor em Filosofia da Universidade Federal do Ceará). </p><h1 class="leitura__titulo" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; color: var(--cor1); font-family: titling-gothic-fb-compressed; font-weight: 500; line-height: 1; margin: 0px 0px 2rem; max-width: 950px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><span style="font-size: medium;">Chaves e Platão: Paradoxo de ChurruMênon</span></h1><p style="text-align: justify;">Não bastasse propor um trabalho de Chaves com filosofia ainda teve a sensibilidade de construir seu texto com um título que mistura o diálogo de Platão fazendo um trocadilho com o "objeto metafísico" do universo chavístico.</p><p style="text-align: justify;">Antes de reproduzir o texto aqui um informe: existem novos episódios no podcast que pretende ser alimentado melhor esse ano. Como é dito nesse <a href=" https://humanaesfera.blogspot.com/2018/07/a-internet-uma-historia-de-invocacao.html?fbclid=IwAR2QqC0lbPTXDvPbfba1itLAEiI0sRPfXG4CcX35F0SVh9AHOr1_SYWvR-E">texto</a> a era da internet com blogs morreu, com todas implicações e contradições que isso nos traz. Ou seja, uma internet cada vez menos democrática e mais voltada para uma experiência individualista de marketing e auto-promoção.</p><p style="text-align: justify;">Dito isso segue o texto disponível em: https://www.anpof.org.br/comunicacoes/coluna-anpof/chaves-e-platao-paradoxo-de-churrumenon</p><p style="text-align: justify;"><br /></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Em um de seus manuscritos, Wittgenstein afirmou que é possível escrever um livro de filosofia composto inteiramente de piadas. Concordo. O trabalho do filósofo, que exige boa dose de distanciamento dos modos corriqueiros de pensar, frequentemente parece requerer certo apreço por irrelevâncias e absurdidades. Essa inclinação é compartilhada por loucos, crianças e humoristas, figuras que também conseguem se afastar com facilidade da lógica inerente ao mundo prático.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">As minhas piadas favoritas de <em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Chaves</em> são justamente as que envolvem absurdos. A primeira contradição que me chamou a atenção, muito antes de eu começar a estudar lógica e filosofia analítica, está num esplêndido micro-diálogo entre Kiko e dona Florinda:</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">– Mamãe, posso entrar na piscina?<br />– Sim, Tesouro, mas não vá se molhar.</em></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Quando criança, sacadas desse tipo me maravilhavam tanto que eu não conseguia vê- las apenas como divertimentos; elas pareciam revelar um mundo novo, repleto de possibilidades incríveis. Como a realidade concreta, com sua teimosia antipática, sempre me deixou um bocado desconfortável, acabei desenvolvendo grande propensão para o disparate.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Dessa forma, nada mais fácil que me identificar com as peculiaridades cognitivas do Chaves. Como ele, em alguns momentos, eu primeiro entendo sentidos bizarros das expressões e, só depois, o sentido mais usual, se é que venho a entender o sentido usual. Quando me pego fazendo isso, é quase irresistível repetir para mim mesmo: ‘<em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">ai, que buro, dá um zero pra ele!</em>’.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Eu devia ter uns dez anos, quando, certa vez, meu tio Canuto – ou teria sido o tio Joãozinho? – me disse: ‘E então, jovem, o que é que há?’. Gosto de pensar que esse foi o pontapé inicial das minhas especulações metafísicas. Bem, é óbvio que estou enfeitando o passado. Claro que não tentei articular nenhuma tese ontológica naquele momento. Mas a fala me intrigou, porque realmente me pareceu uma pergunta estranha, sobre o que existe de modo geral, e não como simples saudação. Ao menos é assim que eu lembro. Algum implicante poderia alegar que, àquela época, eu já ouvira inúmeras vezes o famoso bordão do Pernalonga, mas isso não me faz abrir mão desse belo registro. Afinal, eu posso ter sempre entendido a frase toda – quequeavelinho – como uma espécie de interjeição longa usada pelo coelho, um gavagai qualquer que ele falava e eu nunca me dei ao trabalho de traduzir.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Estes dias, descobri que outra memória, de cuja fidedignidade nunca suspeitei, foi substancialmente recauchutada pela minha imaginação. E uma memória importante, a respeito de alguns dos personagens mais interessantes de Chaves: os misteriosos <em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">churruminos</em>. A cena em que esse termo é introduzido, uma interação entre Chaves e Chiquinha, é uma das minhas favoritas e eu sempre a citei, para várias pessoas, dizendo que ela contém estas falas:<br /><em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">– Que é isso? Tá louco?<br />– Shhh... Estou caçando churruminos.<br />– Caçando o quê?<br />– Churruminos.<br />– E o que é isso?</em></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;"><em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">– Não sei. Ainda não peguei nenhum.</em></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Depois de citar as falas, eu sempre dizia, com a maior empolgação, que esse gracejo põe em evidência um problema filosófico fundamental. O alvo de nosso riso, o fato de que a tal busca pelos churruminos não faz o menor sentido, nos diz algo importante sobre o buscar. Eis aí algo que interessa a filósofos de diferentes tradições. Heidegger, por exemplo, bem que poderia ter usado essa ilustrativa pilhéria como artifício expositivo em Ser e Tempo, o que contribuiria para tornar sua leitura mais divertida, digo, para tornar sua leitura ao menos um pouco divertida. Poderia aparecer como uma pequena digressão mais ou menos nesta altura:</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Enquanto busca, o questionar necessita de uma orientação prévia do que se busca. Para isso, o sentido de ser já nos deve estar, de alguma maneira, à disposição. Já sealudiu que sempre nos movemos numa compreensão de ser. É dela que brota a questão explícita do sentido de ser e a tendência para o seu conceito (§2).</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">O conhecimento, então, é a meta de uma investigação, mas também, de certa forma, deve estar no seu ponto de partida. Esse é o cerne do que atualmente recebe o nome de <em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Paradoxo de Mênon</em>, devido a esta passagem de um diálogo de Platão:</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">–<em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"> E de que modo, Sócrates, te arranjarás para procurar o que não sabes absolutamente o que seja? Das coisas que desconheces, qual é a que te propões procurar? E se porventura vieres a encontrá-la, como poderás saber que é ela, se nunca a conheceste?<br />– Compreendo, Mênon, o que queres dizer. Mas, será que avalias, de fato, quanto é provocativa tua proposição de que o homem não pode procurar nem o que sabe nem o que não sabe? Não pode procurar o que sabe, pelo simples fato de já o conhecer; não precisará portanto, esforçar-se para procurá-lo; nem o que ignora, pois não saberá mesmo o que terá de procurar (Mênon, 80d-81a. Trad. Carlos Alberto Nunes).</em></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Sócrates considera provocativa a fala de seu interlocutor porque ela sugere que a aquisição de conhecimento ou é desnecessária ou é impossível. Ora, se assim fosse, a forma de vida de Sócrates perderia o sentido, pois ela consiste essencialmente em buscar a sabedoria. Seria, então, a atividade filosófica tão vã como a caça aos churruminos?</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Platão lida com esse desafio apelando à sua célebre teoria da reminiscência, em que propõe que, realmente, a alma humana não adquire conhecimento. Quando alguém parece aprender algo, está, na verdade, relembrando algo que sabia antes de nascer. Nossas almas, antes de serem aprisionadas em seus respectivos corpos, contemplavam diretamente a realidade última, o mundo eterno das Formas. Durante a estada no mundo material, a alma perde esse acesso privilegiado ao verdadeiro conhecimento, sendo capaz de recuperá-lo apenas parcialmente e depois de muito esforço.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Segundo Platão, os seres materiais são apenas uma imperfeita imitação (<em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">mímesis</em>) daquilo que existe no mundo das Formas. E, naturalmente, o trabalho do filósofo deve se orientar pelos originais, não pelas cópias. Os objetos concretos, acessados pela percepção, não prestam o auxílio de que necessita a alma que anseia pelo conhecimento. Esse é um papel que cabe somente a outras almas, que podem criar, por meio do diálogo, as condições que propiciam a reminiscência. Durante os diálogos, conteúdos não podem ser exportados de uma alma para outra. Por isso que Sócrates chama sua atuação de maiêutica, por ela ser similar ao trabalho da parteira, que apenas ajuda a trazer à tona algo que está no interior do outro.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">E aqui retorno aos churruminos e à afinidade entre humor e filosofia. Iniciei a breve e precária apresentação do pensamento de Platão que vai acima com a enunciação de certo problema, o Paradoxo de Mênon, problema este que aparece, condensado, naquele trecho do diálogo sobre os churruminos. Por seu poder de apresentar conteúdos relevantes de forma sintética e saliente, piadas desse tipo são capazes de facilitar a identificação de relações conceituais fundamentais para a atividade filosófica. Esse potencial é ainda mais evidente no âmbito do compartilhamento de pensamentos filosóficos, onde uma piada – uma piada excepcional, claro –, usada com habilidade, pode tornar-se uma espécie de deflagrador de insights alheios, um mecanismo de intervenção maiêutica instantânea.</p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">Pois bem, toda a cadeia de pensamento que vai acima, aparentemente, está baseada numa falha de minha memória. Eu tinha plena segurança de que a cena que introduz os churruminos era tal como relatei. Mas vi novamente o episódio e eis que, na verdade, o diálogo entre Chaves e Chiquinha é este:<br /><em style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">– Que é isso? Tá louco?<br />– Shhh... Estou caçando churruminos.<br />– Caçando o quê?<br />– Churruminos.<br />– E o que é isso?<br />– Os churruminos são uns bichinhos assim pequenininhos, pequenininhos, que só existem na minha imaginação.</em></p><p style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; border: 0px; box-sizing: border-box; font-family: ff-tisa-web-pro, -apple-system, BlinkMacSystemFont, "Segoe UI", Roboto, Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 16px; margin: 1em 0px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">A revelação fez-me pensar que minhas reminiscências estão mais para mímesis fajutas que para revelações de realidades eternas. Mas a surpresa não foi de todo má, pois essa segunda versão do diálogo também contém considerável potencial filosófico. Ela me fez lembrar o Argumento da Linguagem Privada do tal Wittgenstein, que citei na abertura, lembrança que dá um bom mote para outro texto.</p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-52430644598817271492020-09-15T15:10:00.001-07:002020-09-15T15:10:17.797-07:00Podcast<p> Para quem gosta de podcast estou lançando pouco a pouco o conteúdo daqui nessa plataforma: https://open.spotify.com/show/1LEnMleOwCmNxbqtZ4bi3Z</p>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-67448385250810347622020-06-11T16:13:00.001-07:002020-06-11T16:13:54.825-07:00Gado ainda...<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/a2zJFFPq9IM" width="560"></iframe>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-56266995879288457212020-04-09T22:07:00.001-07:002020-04-09T22:07:16.581-07:00Chavesdemia<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/hAQrR3ve0hU" width="560"></iframe>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-35266663837969029422019-10-30T15:50:00.000-07:002019-10-31T11:17:36.463-07:00Parece, é ou tem sabor? (Gnosiologia chavística)<div style="text-align: justify;">
-E que sabor são?</div>
<div style="text-align: justify;">
-A que parece de limão é de groselha, e tem gosto de tamarindo. A que parece de groselha é de tamarindo com sabor de limão. E a que parece de tamarindo é de limão com sabor de groselha.</div>
<div style="text-align: justify;">
(Chaves vendendo seu peixe-refresco)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A gnosiologia e epistemologia (teoria do conhecimento) se confundem, entretanto a epistemologia ganhou um outro aspecto no decorrer dos séculos e passou a ser uma designação que serve para várias disciplinas, podendo ser traduzida pelos fundamentos e validações próprias de qualquer ramo do saber. A questão de como o conhecimento se dá, no sentido de apreensão da realidade ficou sendo o que se chama de gnosiologia, ou seja, como eu conheço um refresco? Suas propriedades estão na minha cabeça ou fora de mim? Para facilitar (ou não), conheço o refresco pelo que ele é, parece ou pelo sabor?</div>
<div style="text-align: justify;">
Kant foi um filósofo que tratou dessas questões de uma maneira exaustiva em sua <i>Crítica da razão pura. </i>Um livro que demorou mais de uma década para ser escrito (provavelmente não atendendo aos padrões de produtividade atuais de pesquisa científica) e que não pretendo abordar em suas minúcias por aqui embora recomende a leitura, de qualquer pessoa interessada em entender como a filosofia funciona, através de uma construção rigorosa e complexa.</div>
<div style="text-align: justify;">
A questão do filósofo foi de muito humildemente estabelecer os limites do que de fato poderia conhecer, nesse ponto a crítica não significa nada mais do que limite, estabelecer os limites do conhecimento. O que vendo assim parece pouco é uma fundamentação de toda uma física newtoniana que se estabeleceu a partir de não se filiar a uma causa primeira mas de estudar os efeitos (fenômenos) e extrair leis a partir desses efeitos e não de uma causa necessária. Dentro do famoso juízo sintético a priori, é possível desenvolver ciência, universalizando uma teoria antes da experiência (no campo lógico, a priori é diferente de inato). O mérito de Kant foi de unir empirismo e racionalismo para teorizar sobre o conhecimento. Existem as intuições (que advém da experiência de uma estética transcendental) e os conceitos da lógica (analítica transcendental) que são processados pela razão que efetua o processo de entendimento a partir disso. Não há primazia de um conceito isolado de uma experiência estética e vice versa. Em outras palavras, pensamento conceitual sem a experiência sensorial (conteúdo) é um pensamento vazio, intuições (experiencia sensorial) sem pensamento conceitual são cegas. (B75; TP 77) </div>
<div style="text-align: justify;">
Pois sim, depois disso fica a questão quanto aos refrescos. Não sabemos se é de limão ou de groselha ou de tamarindo, porque não conhecemos o refresco independente do nosso ponto de vista sobre ele, ou seja, o refresco em si mesmo nos é desconhecido. Após a experiência definimos um gosto e podemos fazer uma relação com o que nos parece.</div>
<div style="text-align: justify;">
Posso ser acusado de superficialidade ao tratar de um filósofo tão complexo mas é interessante notar que o ponto de partida de Kant que levou a essa filosofia crítica chamada de criticismo, foi o ceticismo de Hume que segundo o próprio filósofo alemão, o despertou de um "sono dogmático." Encerro com uma frase que não é de Hume mas resume o ponto de partida cético.<br />
"De que o mel é doce, é algo que me nego a afirmar mas que parece doce, isso eu afirmo plenamente"</div>
<br />Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-66293288798731364912019-10-28T15:26:00.001-07:002019-10-28T15:26:36.208-07:00Reprovado (!)<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/hfdV00VTNOs" width="560"></iframe><br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://1.bp.blogspot.com/-BlqDTi6cIgA/XbdrCY-dm9I/AAAAAAAAAHM/cuNqm8ncm60PoBKn1ZJrfO-JAeOaadgSgCNcBGAsYHQ/s1600/Screenshot_2019-10-28-19-15-58-01.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="480" height="320" src="https://1.bp.blogspot.com/-BlqDTi6cIgA/XbdrCY-dm9I/AAAAAAAAAHM/cuNqm8ncm60PoBKn1ZJrfO-JAeOaadgSgCNcBGAsYHQ/s320/Screenshot_2019-10-28-19-15-58-01.jpeg" width="320" /></a></div>
<br />Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-35415658432625514842019-10-17T12:51:00.003-07:002019-10-17T13:01:11.475-07:00Educação e Chaves e a Filosofia-"Eu sou pedagogo"<br />
-"E eu que culpa tenho"<br />
<br />
(Diálogo entre o professor lingu...digo professor Girafales e Sr. Madruga)<br />
<br />
<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/CWTGyQ62vik" width="560"></iframe><br />
<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A educação também é ocupação da filosofia. Obras como <i>O mestre ignorante </i>do filósofo Jacques Rancière e quase que todas obras de Silvio Gallo, são exemplos dessa ocupação e filosofar partindo da ideia dos fundamentos da educação mas principalmente do que seria educar em filosofia, ou seja, o que isso representa.</div>
<div style="text-align: justify;">
A fala de Seu Madruga (ou Don Ramón), apresenta uma perspectiva interessante em se contrapor uma pedagogia de um lado e a vida concreta de outro. Embora seja um grande tema até para outra postagem, é preciso dizer que o ambiente do seriado, apesar da fala e do video em destaque no começo, talvez não seja o melhor para vislumbrar algo que seja: "minha nossa mas que maravilha de discussão pedagógica", até porque o objetivo já declarado pelo próprio criador do seriado, Roberto Bolaños, é entreter e com a frase correta ao invés da falha de Don Ramón. Nas palavras de Chespirito o programa não é para que se saiba a capital da França mas para que se possa rir com algo simples e inofensivo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Entretanto, em postagens anteriores em que respondo um <a href="http://chaveseafilosofia.blogspot.com/2014/11/menos-pseudo-intelectualidade-mais.html">texto</a> que desqualifica o seriado após a morte do autor da série atribuindo o contrário de algo "simples e inofensivo" recebi um comentário revoltado com a defesa...de uma arte que não tem obrigações pedagógicas. O texto ao qual me referi na dita postagem ressalta o mestre Cantinflas que para exemplificar seria algo como o Chaplin mexicano. Porém, é estranha uma "glamourização" e romantização de Cantinflas para uma crítica ao Chaves supostamente já consagrado. Esse tipo de postura não só parece artificial, como aparenta mostrar uma certa intelectualidade e bom gosto frente a um público geral ignorante, algo que remete a adolescência e a disputa pela banda mais obscura a se ouvir. O caso é que os "problemas" de Chaves não estão livres de ocorrer em Cantinflas e em vários outros tipos de programas antigos como três patetas, irmãos Marx etc. Da mesma forma programas atuais que passam em um atual "filtro" podem não passar em um novo filtro amanhã e até mesmo não são 100% simples e inofensivos nos padrões atuais. </div>
<div style="text-align: justify;">
Não se trata de uma crítica do mundo chato e politicamente correto mas de algo elementar (regras de educação elementar já diria o mestre Girafales), há um contexto envolvido. Pessoas que não estão em uma atividade pedagógica, mas sim assistindo TV. Quem gosta do seriado não agirá conforme o que acontece em uma vila hipotética e reproduzirá tudo que acontece em um seriado dos anos 70 e 80 sem o mínimo de critério, isso é no mínimo risível. É possível gostar do seriado e ser crítico em relação a muitos pontos. Piadas que eram comuns não são mais, porém não se pode chamar de hipocrisia simplesmente gostar de um seriado. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um sinal dos tempos é se fazer militância com pauta moral, as vezes se é bem intencionado mas por melhor que seja a intenção, a política não é um jogo moral individual. Pensar a educação e pedagogia é também se preparar para enxergar os contextos.</div>
<div style="text-align: justify;">
Mas e a filosofia nisso? Pois sim, não estudar Aristóteles por ter sido a favor da escravidão, Nietzsche por ter tido seu discurso corrompido e por algumas posições polêmicas. Heidegger por seu envolvimento com o Nazismo se encaixa nisso. Nada menos pedagógico que simplesmente excluir sem maiores explicações. Se sua pedagogia é essa, eu não tenho culpa. </div>
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</div>
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-3659671027107486242019-09-21T06:06:00.003-07:002019-09-21T06:06:43.238-07:00Didático<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/0LlwCzUcAyI" width="560"></iframe>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-63334773611958728582019-09-12T14:54:00.004-07:002019-09-12T14:56:42.555-07:00Xinfurínfula como superação da arte- Esse é meu<br />
- Isso eu sei , mas o que significa.<br />
- é uma xinfurínfula.<br />
- E isso que coisa é?<br />
- Uma coisa que eu inventei, ficou idêntica não é?<br />
- Ahh sim, ficou igualzinha, vou te dar 6.<br />
- 6 por que? Se ficou idêntica devia dar 10.<br />
(Diálogo entre Chaves e professor Girafales)<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
A arte como representando o real ou como uma forma de mostrar a realidade, sofreu um forte abalo com o advento das novas tecnologias como a fotografia e posteriormente o cinema. Mas é possível pensar em filosofia através desse fenômeno tão simples como "tirar" uma foto? Desde o episódio de Don Ramón fotógrafo, sabemos o quanto é difícil fazer uma foto. E se trata disso mesmo, a foto é construída, não há um decalque que é retirado da realidade, a foto é feita, construída. Há todo um aspecto de pose, pensamento e porque não dizer...arte. O real é infotografável. Se uma árvore cai (ou pinho, aqueles do boliche), e não tiver ninguém para ouvir ela faz barulho? </div>
<div style="text-align: justify;">
Para além de paradoxos famosos, o real, a realidade, a famosa "coisa em si" está em questão de ser plenamente conhecida desde Kant e até antes dele. Afinal, seria possível conhecer a realidade em si mesma? Temos acesso aos fenômenos (som da árvore caindo por exemplo) mas a realidade total e concreta em que há toda uma infinidade de possibilidades nos escapa. A questão que se coloca é epistemológica, se seria possível conhecer de fato as coisas em si mesmas e não por meios de percepções que nos chegam através dos sentidos. </div>
<div style="text-align: justify;">
E o que isso tem a ver com a arte e fotografia?</div>
<div style="text-align: justify;">
Diante de qualquer foto somos enganados. As pessoas representam um personagem nos retratos. A fotografia é feita por pessoas que são dominadas inconscientemente por modelos a serem reproduzidos ou serem evitados, por pulsões e desejos. A fotografia não dá a realidade mas pode questiona-la. A fotografia é a arte do imaginário por excelência, as vezes ela capta as aparências as vezes invisíveis ao olho humano e não a simples realidade. Ela é mais imaginação do que visão. O real não pode ser apresentado como tal pela fotografia, essa impossibilidade e essa falta constituem o valor da fotografia. Para Kant o homem só apreende e só pode conhecer os fenômenos e não a coisa em si. A fotografia é sempre fotografia de um fenômeno e não da coisa em si. </div>
<div style="text-align: justify;">
E o que isso tem a ver com Chaves?</div>
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Nesse curto diálogo, Chaves está liberto da prisão que se exerceu durante muito tempo às artes de representar o real. Com as novas tecnologias o espaço para uma representação fidedigna da realidade se deslocou para a arte abstrata. E não se poderia dizer que se ficou idêntica? O "10" seria merecido tanto para uma Xifurinfula como para um desenho perfeito que imitaria uma foto.</div>
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<br /></div>
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Fonte: SOULAGES, François. Estética da fotografia: perda e permanência. Trad. Iraci D. Poleti e Regina Salgado Campos. São Paulo: Senac São Paulo, 2010 </div>
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Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-46254415843111517212019-06-26T13:50:00.004-07:002019-06-26T13:50:34.568-07:00Video do amigo Adriano Maropo<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/sio8cbMAnyM" width="560"></iframe>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-30566667818594971782019-05-19T11:59:00.000-07:002019-05-19T13:33:03.537-07:00Coach , Chaves e a Filosofia<iframe allow="accelerometer; autoplay; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/YShxi4iVbO0" width="560"></iframe><br />
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- Mamãe o sr. Madruga vai me cochear (Kiko em sua ingenuidade feliz de ser um coachee)<br />
<br />
- Já fizeram calistenia?<br />
- Pois não quiseram nem com um suquinho de laranja<br />
(diálogo entre o professor e o coach, talvez se fosse um oleozinho de coco daria mais resultado)<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
É interessante observar essa abundância (palavra bastante adotada por eles) de coachs e uma interessante resposta diante desse fenômeno contrariando e de certa forma contestando a abordagem e os rumos que a dita profissão tomou. </div>
<div style="text-align: justify;">
O coach é sintoma de um neoliberalismo, de uma vida em que tudo é visto como um jogo a se ganhar, da noção do empresário de si mesmo e de uma vida voltada a se gerir tal qual uma empresa e nisso entra muitos aspectos da vida: os relacionamentos precisam ser geridos de modo a se tornar um belo investimento, a saúde da mesma forma e a vida profissional nem se fala, é o terreno preferido de uma abordagem coach. Apesar dessa perspectiva apresentada, o objetivo da postagem não é apenas criticar tal situação, até porque, apesar dos pesares, é possível vislumbrar e intuir que há bons profissionais que realmente buscam auxiliar o próximo e conseguem transcender uma lógica apenas de sucesso material em seu trabalho.</div>
<div style="text-align: justify;">
O caso é que o coach é simplesmente um treinador, tal qual vimos no fatídico episódio do futebol americano. E o mais curioso é que temos como coach alguém sem o mínimo preparo, um pobre diabo, um joão ninguém, digo, o Seu Madruga. Em termos atuais, Seu Madruga representa o anti coaching, o próprio programa em si, na sua estética de uma humilde vila representa um certo antídoto e oposição ao coach. </div>
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No episódio temos o começo de uma desmotivação geral de Chaves e Chiquinha até o momento que Seu Madruga (coach) começa a treiná-los para o esporte. Após alguns problemas, a animação com uma boa jogada é tanta que o coach tem problemas com a comemoração dos coachees e é infelizmente hospitalizado. Não acho que seja preciso tanto, mas é interessante notar que após inúmeros workshops, pagamentos e afins, existe um momento de superação, ou pelo menos deveria existir, embora na vila do Chaves nem coach, nem coachees alcançaram o sucesso absoluto.</div>
<div style="text-align: justify;">
Ahhh mas e a filosofia? Onde está a filosofia? Já vi relatos de auto-intitulados filósofos que são coachs, porém não são deles que quero falar. Platão já foi um coach. Sim, por mais que seja com razão espinafrado pela academia por falar tal blasfêmia e cometer esse anacronismo, há uma parte da vida de Platão em que o filósofo foi até Siracusa (antiga Sicília) auxiliar por três vezes a família que governava o local (Dionísio I e II) e ao contrário do ideal coaching foi extremamente mal sucedido. Não foi por falta de tentativa, de se esforçar, de foco força e fé. E olha que estamos falando de Platão. Talvez a verdadeira tirania de nosso tempo e que precisa de coach não seja o que boa parte dos que procuram por tal serviço acham que é, ao mesmo tempo a filosofia talvez precise de um certo treinamento, por mais que se busque fugir de seus jargões e palavras difíceis, a filosofia é também composta por <i>ergón </i>(trabalho), ou seja, é preciso de um certo esforço que foge de fórmulas prontas e fáceis para conseguir exerce-la. </div>
<div style="text-align: justify;">
Por sorte, ao contrário de Seu Madruga, Platão mesmo correndo grande perigo conseguiu fugir ileso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://dagobah.com.br/platao-em-siracusa-%C2%ADa-conversao-do-tirano/">http://dagobah.com.br/platao-em-siracusa-%C2%ADa-conversao-do-tirano/</a></div>
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-64273660567583937152018-12-16T07:34:00.000-08:002018-12-16T07:45:14.494-08:00Byung-Chul Han e Chaves: o descanso na repetição <div style="text-align: justify;">
Um "produto" não tão propagado mas que é produzido em larga escala nesse mundo atual do século XXI, é o cansaço, nossa sociedade produz cansaço amplamente, não a toa já se fala em uma economia da atenção, ou seja, entre o bombardeamento de nosso psiquismo feito pela propaganda e publicidade, está o esforço contínuo desses meios por captar o bem precioso da nossa atenção. É preciso entender para talvez buscar superar esse processo de alguma forma, em uma perspectiva de defesa de nosso psiquismo e atenção cognitiva tão afetados nesse processo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Este processo, não envolve apenas a publicidade, nas redes sociais é constante o apelo e cooptação do nosso status neurológico, seja por curtir coisas ou até mesmo compartilhar coisas que inclusive não são do nosso agrado, porém alcançaram nossa atenção pelo absurdo que representam. No trabalho o empregado precisa estar constantemente "mobilizado", são criadas expressões como "zona de conforto", como algo que é necessário não entrar de modo algum por quebrar com a preocupação constante com desempenho. </div>
<div style="text-align: justify;">
O filósofo sul-coreano que vive na Alemanha, Byung-Chul Han, descreve de forma crítica a sociedade atual, no que ele chama e tem como título de livro: <i>A sociedade do cansaço.</i> Nesse contexto o que impera segundo o autor é uma "violência neural". O fenômeno abordado se distancia de uma repressão dos corpos, da biopolítica foucaultiana e se inscreve em um processo psicopolítico, ou seja, o espaço de controle se inscreve e alcança os níveis dos neurônios, da mente, da atenção e percepção. </div>
<div style="text-align: justify;">
Um efeito principal é a depressão, dentro de um espaço em que se busca o máximo de desempenho, a não obtenção de desempenho em um nível cada vez maior leva a depressão. Embora abordado aqui de maneira sintética e bem simples (diferente do autor), a suposta simplicidade desse pensamento é difícil de ser contestada, afinal, se fará um esforço para se mudar a situação, ou a técnica já dominou tanto a ponto de não mais servir o ser humano? Porque dentro de uma possível crítica que enxerga esse processo perceptivo como natural e adaptado a isso, e uma interação e benefícios maravilhosos, há claramente algo errado. Como um cérebro (este irracional) resolve produzir mais ou menos dopamina, dentro de toda explicação científica que envolve a depressão em um nível de química do cérebro? </div>
<div style="text-align: justify;">
E o que isso tem a ver com Chaves? Pois sim, explico, ou tento explicar. Dentro de um contexto brasileiro, em que muitos episódios do seriado se perderam, devido a venda por lote da emissora televisa, em conjunto com algumas perdas devido a incêndios e outros problemas no SBT, tudo isso gerou uma intensa repetição dos episódios. E nem por isso houve uma queda da audiência, em certo nível acaba sendo um movimento contrário a atualidade, que na busca por novidade produz um conteúdo impossível de acompanhar. Alguns dados dizem que em um minuto se produz 400 horas de conteúdo no youtube, em um dia e meio existe um século de conteúdo só no youtube. Em uma busca constante de novidade é interessante pensar em um movimento contrário chavístico, de repetição, há um certo descanso, um certo alívio contemplativo. O rir da mesma piada, em outra ocasião que se assiste, é um certo melhoramento, a percepção tranquila e relaxada pode produzir um aprimoramento, certas sutilezas podem se clarificar e toda experiência ir se intensificando a medida que não se está sob o signo da novidade, da obrigação de se manifestar e interagir, da simples reação. </div>
<div style="text-align: justify;">
Quanto ao "ruminar" dito por Nietzsche, ou mesmo a contemplação, em seu livro, Chul Han explica que o refinamento intelectual não se faz na velocidade, um animal que pensa em termos de sobrevivência vive condicionado a velocidade e reação rápida. Interessante notar que muito da fala atual de "viver no presente", essa espécie de mantra, também não é o caminho proposto pelo filósofo sul coreano e nem mesmo da filosofia. Não se trata de uma receita pronta e individual, não é uma proposta de consumo de séries que repetem, não é uma fórmula, mas a reflexão de um problema, coisa que entra em rota de colisão com uma sociedade ávida por soluções mas que não sabe qual é de fato o problema. </div>
<br />
https://brasil.elpais.com/brasil/2018/02/07/cultura/1517989873_086219.html<br />
https://www.youtube.com/watch?v=5CQ5-NMzG8s (a informação de que o youtube produz 400 horas de conteúdo novo por minuto, está nos 12:53)<br />
https://en.wikipedia.org/wiki/Attention_economyChaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-50555319185290006462018-05-11T20:31:00.001-07:002018-05-11T20:32:16.564-07:00Zenon Barriga e Pesado, Seu Madruga e o problema da moradia...<iframe allow="autoplay; encrypted-media" allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/YMZqybxY8L8" width="560"></iframe>Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-82318358648956643372018-05-09T17:38:00.000-07:002018-05-09T17:51:32.103-07:00Já ir se acostumando ou suspender o juízo?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://3.bp.blogspot.com/-yMFek_7-xEI/WvODuF2em3I/AAAAAAAAAEs/yTwoEYFfa-0sx-MhRIPMYEWX0rCTg7SBwCLcBGAs/s1600/download.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="168" data-original-width="300" src="https://3.bp.blogspot.com/-yMFek_7-xEI/WvODuF2em3I/AAAAAAAAAEs/yTwoEYFfa-0sx-MhRIPMYEWX0rCTg7SBwCLcBGAs/s1600/download.jpg" /></a></div>
<br />
(Chaves em sua afasia)<br />
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<br />
<div style="text-align: justify;">
Não me lembro se já comentei por aqui ou em outro lugar sobre a suspensão de juízo (<i>epoché). </i>Não é uma "ferramenta" exclusiva dos filósofos ditos céticos, porém o exemplo dos céticos é bastante utilizado para ilustrar esse procedimento filosófico. E se trata exatamente de um procedimento, adotado inclusive em discursos de filósofos atuais diante de posicionamentos que levariam a contradições ou mesmo incorreções no pensamento, inviabilizando até qualquer continuidade possível de diálogo. Mesmo correndo o risco de ser simplista demais por aqui , digo que a grosso modo podemos falar em polêmicas vazias que não acrescentam nada, na maioria das vezes. Alguns filósofos quando se veem contra a parede (conceitualmente), se utilizam da suspensão de juízo e exteriorizam: - Suspendo meu juízo. E ficar contra a parede é uma alusão feliz , devido o termo grego encontrar certa similaridade com "parede" e "obstrução". Antes desse estágio de suspensão de juízo há a <i>afasia </i>que se faz presente na ausência de fala diante de algo absurdamente fora da realidade, ou mesmo diante de dilemas que não encontram resposta possível. </div>
<div style="text-align: justify;">
É comum ao se explicar a suspensão de juízo se pensar que há uma fuga do debate, de uma postura conformista ou de quem se acostuma, mas as vezes até a pretensa realidade se mostra por demais inverossímil que cabe o recurso de se suspender o juízo.</div>
<div style="text-align: justify;">
Na filosofia é comum se questionar quanto a existência real e concreta, estamos apenas sonhando? O que garante que meu cérebro não está em uma cuba isolado, recebendo informações de um computador? A suspensão de juízo nesse caso passa a ser uma necessidade para se seguir em frente. </div>
<div style="text-align: justify;">
No cenário atual de eleições no Brasil, é difícil não participar ativamente de discussões e se distanciar, mas cabe sempre a surpresa com a realidade. Provavelmente qualquer pessoa de fora estaria embasbacada. Há pessoas adultas e em pleno gozo de suas faculdades com a intenção de voto em um candidato que não merece a mínima consideração. Mesmo que se fale em se mobilizar e explicar o óbvio e debater, não ser arrogante e dialogar, ainda alimento uma certa percepção de que se trata de uma brincadeira, simplesmente dada uma realidade tão esdrúxula cabe suspender o juízo. Se tal postura é certa ou errada, o mais certo é...quem sabe? Até realmente saber da candidatura, do desenrolar das eleições, debates e resultado disso tudo, suspendo meu juízo. </div>
<div style="text-align: justify;">
Alguém poderá dizer: - Mas você aí fica brincando, quero ver quando for eleito. Bem, nesse caso é possível entrar em uma paralisia chavística total, talvez o país inteiro fique paralisado e o jeito vai ser esperar uma daquelas borrifadas de água fria, bem forte...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
https://revistacult.uol.com.br/home/o-inicio-sexto-empirico-e-o-ceticismo-pirronico/<br />
http://problemasfilosoficos.blogspot.com.br/2015/03/o-caso-dos-cerebros-numa-cuba-por.html<br />
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-1674997592333734742018-04-29T14:21:00.001-07:002018-04-29T14:32:29.482-07:00Godinez e o pragmatismoMas por que se não começou a aula? (Godinez exibindo sua veia pragmática)<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Godinez é um personagem modesto no "mundo chavístico". Suas aparições estão condicionadas a escola e raras aparições em musicais e em um episódio em que os personagens jogam "futebol americano".</div>
<div style="text-align: justify;">
Tido como distraído e desligado por não se destacar tanto perante os demais alunos, é certo que a despeito disso não fica em recuperação (tal qual Chaves, Chiquinha e Kiko), além de saber que os colares de pérolas são feitos com as...pé-ro-las.</div>
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Mas será, ele mesmo, assim...desligado? Distraído? Há assobios durante a aula de aritmética é claro. Acertos que parecem sorte (-me fale dois pronomes, - quem eu?), nota seis diante de professores substitutos.</div>
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Por falar em sorte, Godinez exibe um método para ir bem nos exames: o jogar de uma moeda.</div>
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Em filosofia o pragmatismo é tido como uma filosofia surgida no país do futebol americano. Focada em linguagem (Peirce e seu trabalho com o signo, significado, símbolo e sentido), no empírico e em eventos concretos, na filosofia da mente e da informação. Pode-se dizer que uma filosofia pragmática se debruça sobre os problemas da linguagem mas também os problemas do real, do aleatório, do erro etc. O exemplo é o conhecido lançamento de uma moeda: a chance de cara ou coroa em tese são 50% para um ou outro, porém existe o experimento de lançar-se milhões de vezes e o resultado ser comprovadamente muito destoante de uma margem aleatória, ou seja, o erro aparece como algo previsível e sem ele há algo errado (!) por ser comprovado que em dado sistema há sempre a presença do erro.</div>
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O pragmatismo é marcado por representar uma ideia pejorativa. Haveria um ajuste da verdade para uma realidade condicionada a uma compensação que não possui critérios definidos. Na crítica de Russell, o que é verdade passa a ser algo que se compensa acreditar. </div>
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Independente desta face pejorativa do pragmatismo, mal visto hoje em dia por ser supostamente anti-reflexão ou contra um pensamento mais contemplativo (se atendo a resultados práticos apenas), o pragmatismo pode ser visto de outra forma , como uma ferramenta importante e que pode resultar em abstrações e ideias longe de uma realidade essencialmente capitalista ou liberal de retorno financeiro, mas como um método interessante de investigação. </div>
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Godinez mostra uma presença de espírito importante ao questionar quanto ao começo da aula. Por que se não começou a aula?</div>
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Em um mundo cada vez mais complexo, com inúmeros afazeres, soluções que criam novos problemas cabe sempre se perguntar por que fazemos o que fazemos. Será que nos adiantamos diante de uma aula que nem começou de fato?</div>
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https://pt.wikipedia.org/wiki/Pragmatismo<br />
http://www.filosofiadainformacao.com.br/</div>
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-10199446384761260012017-06-13T06:28:00.003-07:002017-06-13T06:30:14.243-07:00Sente-se mal<div style="text-align: justify;">
As vezes diante dos infelizes fascismos diários defendidos por aí, desonestidades intelectuais, da falta de um mínimo de reflexão, de pensar, enfim, diante da imensa falta de humanidade, fica a dúvida aos que mostram que não estão tão adaptados...</div>
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<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/KkJV8uEA6Ms" width="560"></iframe><br />
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<br />Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-44231739337137519572017-06-10T08:50:00.000-07:002018-04-29T14:28:09.158-07:00Não tem biscooitoo!<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/ISQ1EwfsjAE" width="560"></iframe><br />
- Não temos biscoitos<br />
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A frase é comum no meio internético. Acompanhada também de uma pergunta, quer um biscoito? Geralmente a situação que acompanha a fala é a de alguém que supostamente quer prêmios seja por se comportar de maneira correta (não preconceituosa), seja por buscar aprovação de outras pessoas alheias e até contrárias aos seus interesses (não é muito citado mas o exemplo do trabalhador que faz discurso a favor de patrão e de seus interesses é bem visível).</div>
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Gostaria de dizer que na filosofia não temos biscoitos mas não sei dizer se isso é verdade. Aliás, não necessariamente quanto ao "ter biscoitos", e sim quanto saber se na filosofia não existem pessoas buscando e querendo aprovação. Vinte e cinco séculos de análise e podemos tirar muitos exemplos e contra-exemplos para provavelmente no fim não ganhar um mísero biscoito. Por exemplo, os próprios sofistas seriam exemplos de pessoas que "queriam biscoitos" , ao mesmo tempo se critica a noção de pretensa superioridade dos filósofos diante dos sofistas por não cobrarem por seus serviços ou mesmo por estarem acima de todos em uma torre de marfim de conhecimento. Eu mesmo escrevendo textos , estaria nessa busca por aprovação? Ou mais ainda , o receio que impedem muitos de escrever pela intensa auto-cobrança? Na academia de maneira geral enxergamos essa busca por esse produto farináceo? </div>
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Na história da filosofia temos o período medieval (igreja), o período moderno (Estados) e o período contemporâneo que bem...não se sabe muito bem mas tem mais de um campo de atuação. Mesmo que contestável se os filósofos mais conhecidos do período medieval eram subservientes à igreja , não deixa de ser algo marcante no período. Duvido muito se eles se cutucavam, tal qual agora, falando entre si: "- Fulano só fala em favor da igreja, tá querendo biscoito só pode". Ou mesmo no começo do período moderno:" - Maquiavel tá é atrás de biscoito do rei." As vezes a fala acusada de condicionada a busca por aprovação, no fim seja uma fala que é apenas reflexo de uma época, ou ainda simplesmente um não ir pelo caminho fácil da "babaquice". </div>
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No episódio em questão Chaves se revolta pela pergunta incessante quanto aos biscoitos, talvez a triste realidade é que: não tem biscoito.</div>
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Outra perspectiva possível é que o filósofo , aquele que se dedica ao estudo da filosofia, na grande maioria das vezes está em uma posição de resistência. Contra o status quo, longe de qualquer promessa (inclusive financeira, diria até que principalmente) , questionando tudo e a todos, nesse ponto podemos dizer que apesar dos pesares, na filosofia não temos nem queremos biscoitos. </div>
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-89217890476782726722017-02-21T15:01:00.002-08:002018-04-29T14:52:16.987-07:00Frege, lógica e chaves<div style="text-align: justify;">
1 murio<br />
2 pase<br />
3 pastel<br />
(se dona Florinda chegar vocês dizem que eu morri, se quem chegar for a nova vizinha diga que entre que estou esperando, agora se quem vier for a brux...digo a senhorita Clotilde vocês...tacam o bolo nela)<br />
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f → m<br />
v → e<br />
c → b<br />
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Frege deu novo fôlego para a lógica antigamente condicionada a Aristóteles que era tido como precursor e finalizador da lógica, não havendo possibilidade de mais avanços.<br />
O exercício chavístico descrito acima (de numerar situações para cada possibilidade de ação diante dela), por mais atrapalhado que se tenha mostrado é um exemplo possível para ilustrarmos essa revolução efetuada por Frege. Existe por parte da lógica de Frege a tentativa de representar a linguagem de maneira a usar-se de uma notação possível se referindo a eventos que ocorrem e se verificam no real expressando um estado de coisas por meio de uma linguagem artificial.<br />
O problema no seriado foram os números representando relações que eram entre pessoas e ações, aí a relação foi feita por ordem de chegada e não por uma representação fiel da linguagem aos eventos e pessoas. No fim foi tudo um problema de notação lógica mais precisa, pautada em uma artificialização correta da linguagem em símbolos compreensíveis... </div>
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4573505434905569907.post-71915767767799903112017-01-30T19:41:00.002-08:002017-01-30T19:46:08.729-08:00Você não viu por aí algum cachorro que possa vir a sujar as minhas calças?<div style="text-align: justify;">
"Sem sorte não se chupa nem um picolé de limão" (Nelson Rodrigues, dizem...talvez acerte por sorte) </div>
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A questão da sorte aparece bastante na vida comum. Preciso admitir que passei por um período turbulento nesse começo de ano e eis que lembrei da frase do nosso querido professor que está no título. Em filosofia o conceito que mais aparece e é digamos...similar é o conceito de fortuna. Seja em Aristóteles em sua ética e poética, seja com os estoicos que visam superar a sujeição do homem a boa e má fortuna, até mesmo com Maquiavel que usa do conceito de fortuna e virtú para caracterizar um agir sábio no campo político.</div>
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Talvez não se dê tanta atenção ao que seria sorte enquanto algo tido como superstição mas que ela existe existe. Ou não? O mais preciso é quem sabe? </div>
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Pois sim, muitas vezes e com certa razão o fenômeno é descrito como psicológico, ou seja, enxergamos padrões e tendemos a associar sorte ou falta dela levando em consideração eventos aleatórios.</div>
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De fato algo "moderno" no que se chama de modernidade e enquanto paradigma moderno se mostra no que se tem por "mecanicismo". O mecanicismo se pauta na ideia de que dado uma serie de fenômenos e dados que ocorrem segundo a lógica de causa e efeito, o poder científico cada vez mais inteirado das causas dos fenômenos poderia prever todos os acontecimentos futuros. Tudo seria uma questão de calcular, aprimorar o processamento de dados e assim chegar a resultados de previsão visto que estamos em um mundo mecânico,controlável e explicável. Passamos de Newnton (querendo ou não porta voz desse paradigma mecanicista) até Einstein , de uma visão mecanicista passamos para uma visão "quântica" com novos problemas e questões, bem como muitas incertezas. Ao ponto que se proclama que a única maneira de se saber a hora exata é possuindo um relógio quebrado, pois só assim se saberá a hora certa duas vezes ao dia. Em outras palavras a visão mecanicista já não encontra resguardo. Se descobre que a natureza não pode ser reduzida a um mecanismo e prevista em sua totalidade.</div>
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Ao mesmo tempo o caos , a falta de sentido, o efeito borboleta, o movimento molecular aleatório, todo universo que se contrapõe ao mecanicismo nos deixa face a face com...a sorte. Sorte esta que se faz presente na figura do aleatório e da fortuna.</div>
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Transportando essa realidade para a vida trata-se de uma velha antítese entre týkhe (fortuna) e tékhne (técnica, arte ou ciência humana). Podemos pensar que todo esforço técnico para uma vida tranquila e controlada, com avanços científicos alcançados por meio da técnica para fugir de estar entregue à fortuna nos levaram ao paradoxo de se comprovar pela técnica (ciência) o "domínio da fortuna" em boa parte dos processos do universo. </div>
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A grande pergunta seria como harmonizar esses elementos na vida humana týkhe (fortuna) e tékhne (técnica). A resposta do nosso querido professor no seriado foi não só aceitar como imaginar mais uma possível situação promovida pela fortuna (ou falta dela, falta de boa fortuna ter as calças sujas).</div>
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Por fim o que se viu no seriado foi que a situação imaginada se tornou realidade mas daí a ver uma relação entre imaginar e acontecer é uma outra história... <br />
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http://www.seer.ufs.br/index.php/apaloseco/article/view/5150/pdf<br />
http://cienciassociaisefilosofia.blogspot.com.br/2007/10/maquiavel-virt-x-fortuna.html<br />
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-estoicos.htm</div>
Chaves e a filosofiahttp://www.blogger.com/profile/06186807467074383612noreply@blogger.com0