"Cada um pensa naquilo que lhe faz falta? É por isso que eu não penso em nada"
(Kiko praticamente um mestre Zen)
Pois sim, a frase que abre o texto apesar de dizer sobre o pensamento ("cada um pensa...") é uma interessante maneira de entender o conceito que Feuerbach tem de deus. No episódio Chaves começa dizendo a frase que é repetida sem parar por Kiko também. Se pararmos para pensar poderia ser repetida ad nauseum, isto porque cada um com certeza almeja algo, ou até quer melhorar algo, ou mesmo tem vontades próprias que não estão satisfeitas. O homem por ter uma vida com consciência , vive essa insatisfação e "pensa" sobre ela, ou seja esse "pensar" acaba sendo fruto de uma insatisfação comum a todos em algum aspecto, todos no geral somos imperfeitos. Talvez uma vida bem vivida seja uma vida livre desses pensamentos baseados na falta como o próprio Kiko propõe. Mas será que estamos presos a esse pensar da mente humana?
O caso é que a questão no momento é mais Feuerbach. Lembro da frase dele ser dita em voz baixa pelo meu professor de colégio, que devia julga-la forte para adolescentes. Era sobre o homem ter criado deus e não o contrário mas a coisa com Feuerbach não para por aí. Ele coloca a ideia de deus exatamente como na frase , como falta, ou seja , o ser humano imperfeito projeta uma ideia de deus baseada em si mesmo. Sendo assim o homem imperfeito, corrupto e um mero grão no universo projeta um deus perfeito, forte e grandioso, justo e bom. Não há uma negação de deus num sentido do século XVIII ou como Marques de Sade e cientistas da época que julgavam a inexistência por não haver aparições no telescópio, Feuerbach não busca provar a inexistência de deus, na-da disso mas sim provar que deus ou essa ideia de deus é fruto do próprio homem e sua necessidade de, digamos...pensar naquilo que lhe faz falta (!)
Podemos pensar talvez que a resposta de Feuerbach para a questão de um ser divino também sirva para esses dilemas humanos e o quanto de almejar beleza e afins pode ser uma projeção da mente , em busca de algo exterior que na verdade representa algo interiorizado.
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