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sábado, 31 de dezembro de 2022

Um ano mais e como não poderia deixar passar: Pelé.

 Como de praxe, ano novo e sempre desejamos a toda equipe técnica (eu), um ano mais. Nesse ano de algumas boas alegrias e mortes de pessoas importantes. Jô Soares que sempre foi simpático ao seriado levando dubladores e os próprios personagens para entrevistas e mais recentemente o rei Pelé faleceu.

Entre polêmicas vazias ou não, para quem admira o esporte é incontestavelmente o melhor jogador dentro das quatro linhas. Mesmo que cometam anacronismos e falas a la Felipão que antigamente amarravam cachorro com linguiça (não se trata do professor Girafalles). O caso é que Pelé de fato é eterno em sua genialidade. Não o vi jogar mas de relatos e afins dá pra saber que não é verdade que o futebol não era competitivo nessa época, Pelé foi sempre muito bem marcado, às vezes até com violência que era devidamente respondida e revidada. No único título da Inglaterra esteve fora dos jogos decisivos, ganhou 3 copas e toda mágica em torno do seu nome não é a toa.

Mas enfim, aqui falamos de Chaves e a famosa frase sobre o filme do Pelé na verdade é sobre um outro filme, do próprio Roberto Bolaños, que ele promovia no seriado sobre um roupeiro que sonhava ser jogador de futebol (El Chanfle, algo como "o incrível").

As alusões futebolísticas no seriado são recorrentes e o criador do seriado Roberto Gómez Bolaños registra em sua autobiografia o tanto que o futebol fez parte de sua vida, desde a copa do México em 70, até o fato de ter conseguido conhecer seus maiores ídolos no esporte: Maradona e Pelé.

Então é isso, apesar dessa despedida do maior futebolista de todos os tempos, sempre poderemos revisitar o..."filme do Pelé". 



quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Hegel e Chaves

 Extraaaa, extraaaaa 10 pessoas enganadaaas, extraaaaa (chavinho anunciando um final infeliz da Razão)

Bom, apesar da frase inicial a ideia não é enganar ninguém aqui. Vou tentar escrever sobre Hegel e Chaves sim, mas não chegaremos no âmago do pensamento hegeliano. Mesmo com o amplo material e acúmulo disponível ainda há muito trabalho sobre o pensador Hegel. Desde leituras heterodoxas até leituras mais ortodoxas.

O aspecto que eu pretendo focar aqui é breve, talvez até brevíssimo e vocês poderão se informar com pessoas que sabem muito mais de Hegel do que eu. Tem o...não esse não, tem também o...não, ahh tem aquele...não esse menos. Mas enfim, deve haver alguém explicando Hegel bem na internet. Prefiro não citar ninguém devido não saber se as pessoas gostariam de ser citadas nesse humilde blog.

Pois sim, já tivemos Kant por aqui nessas bandas, naquela postagem sobre os sucos, ou refrescos (o que parece, tem sabor ou o que é). Hegel parte do "muro conceitual" erguido por Kant e constrói mais coisas partindo dali. Se ele é mais kantiano do que gostaria de admitir, se sua filosofia é...uma viagem, não entramos aqui nesse mérito.

Como diria Seu Madruga ao Chaves em sua leitura pausada de epístolas ("não faça vírgulas"), então sigo daqui, a partir do que postei no texto sobre Kant, procurando evidenciar justamente certo prosseguimento epistemológico. Há toda uma discussão em Kant sobre o conhecer e o conhecimento, empirismo e racionalismo. Hegel parte de uma proposta de resgate da metafísica, porém uma metafísica que passou pelo crivo kantiano. 

Nisso, chegamos a célebre frase do racional ser real e o real ser racional que apesar de ser famosa alguns qualificam como equivocada do ponto de vista da tradução (o correto seria que o racional é efetivo...), só que, partindo do que queremos mostrar nessa postagem, há um encaixe com a situação do episódio do Chaves vendendo jornal vencido ao Seu Madruga.

A verdade empírica, fechada numa lógica de tempo e espaço, faz com que o sujeito ao ver um jornal de ontem entenda ter sido enganado. E de fato houve uma trapaça. Só que se a compra ocorresse no dia anterior o jornal seria atual. 

Não há um final feliz para Seu Madruga na estória. Hegel, por sua vez, numa leitura clássica, possui um percurso de final feliz para a Razão. Mas aí cabe fazer a questão: estamos enganados quanto a teoria de Hegel, tal qual Seu Madruga e seu jornal de ontem?

quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Deleuze e Chaves

Pois sim, Deleuze e Chaves aqui mas não, não é algo que se pretende muito profundo, ao contrário, ficaremos no nível mais prosaico. Aliás, num movimento de desterritorialização da profundidade, por que não dizer isso aqui? Principalmente ao se falar de Deleuze, parece que essa palavra, "desterritorializar", gerava algum ganho material ao nosso filósofo, pois é citada de forma bem ampla por toda obra deleuziana.

Eis que o paralelo que pretendo fazer por aqui são os desenhos. E veremos que tanto em Chaves quanto em Deleuze o mote de: - "vou desenhar para você entender", não é tão aplicável.

Os clássicos desenhos de Chaves e Kiko transbordam de certo surrealismo interpretativo. Alguém maldoso poderá dizer que tal qual o empreendimento de Chaves e a Filosofia mas já lidamos com isso na postagem passada então seguiremos aqui. 


Começamos com a ordem mais ou menos parecida com a do seriado, primeiro temos a primeira figura do lado direito que se trata de um tabuleiro de xadrez para principiantes (inclusive algumas figuras políticas tidas como enxadristas poderiam ter dificuldade de jogar mas não vem ao caso). A figura do lado esquerdo do xadrez é o sanduiche de ovo (ao falar já entendemos tudo que estava encoberto de significado num primeiro momento). Depois, mais abaixo, os desenhos complementares: a máquina de escrever de uma tecla só (do lado direito) e uma carta escrita com essa máquina (do lado esquerdo canhoto). Por fim, temos um lápis apontado diversas vezes (com o apontador e não com a imaginação, segundo Chaves). E para terminar, ao que parece, nesse desenho que achei, botaram um quadrado no lugar do desenho mais explícito que é o do professor linguiç...digo Girafalles.

Já em Deleuze e Guattari (esqueci de mencioná-lo mas é conjuntamente autor com Deleuze em muitas obras), no livro O que é a Filosofia, que num primeiro momento pode parecer um livro tranquilo e de fácil compreensão (spoiler: não é), há dois desenhos que chamam a atenção, começo do menos surreal para depois ir até o que é mais desconcertante e misterioso.



Em linhas gerais, esse desenho representa o que é o conceito (em seus desdobramentos), algo que é essencial no livro de Deleuze e Guattari. Ao explanar sobre Descartes em sua conceituação do Cogito (Penso logo existo) temos essa representação de: duvidar, pensar e ser, com enlaçamentos "virtuais" que ligam e conectam o conceito em sua imanência (eu avisei que era complicado) mas de qualquer forma temos aqui o primeiro desenho. E quem sabe ele não foi feito na aula tal qual no nosso nobre seriado (?)




Temos o segundo desenho e evitemos aqui piadas sobre Olavo mas literalmente é isso mesmo, temos uma caveira desenhada. Simplesmente representa a filosofia kantiana para Deleuze. 

"1. - O "Eu penso" com cabeça de boi, sonorizado, que não cessa de repetir Eu = Eu. / 2. - As categorias como conceitos universais (quatro grandes títulos): fios extensíveis e retrácteis seguindo o movimento circular de 3. / 3. - A roda móvel dos esquemas. / 4. - O pouco profundo riacho, o tempo como forma da interiorida-de na qual mergulha e emerge a roda dos esquemas. / 5. - O Espaço como forma da exterioridade: margens e fundo. / 6. - O eu passivo no fundo do riacho e como junção das duas formas. / 7. - Os princípios dos juízos sintéticos que percorrem o espaço-tempo. / 8. - O campo transcendental da experiência possível, imanente ao Eu (plano de imanência). / 9. - As três idéias, ou ilusões de transcendência (círculos girando no horizonte absoluto: Alma, Mundo e Deus)." (Deleuze e Guattari O que é a Filosofia? p.75)

E chegamos ao final dos desenhos, apesar desse último ser simplesmente mais parecido com o desenho do professor linguiça que rendeu alguns biscoitos para o nosso pobre chavinho, a carga conceitual e falta de obviedade não deixa de remeter a arte dos nossos personagens.



 



 

sábado, 19 de novembro de 2022

Que m...é essa de Chaves e a Filosofia?

Retomo o blog com um "incentivo", um amigo internético ao saber da empreitada sobre Chaves e a Filosofia presume se tratar de algo...pífio, vulgar, tolo e todos adjetivos professorais que conhecemos do próprio seriado (vide Girafalles se referindo ao trabalho madruguístico). E ao contrário de desanimar fiquei animado em retomar com a escrita. Por mais parado que esse site esteja, inclusive não figurando mais em busca de google. O ato de escrever corre solto quando me proponho a isso, numa internet quase que pré redes sociais. 

O marketing atual quase que onipresente adiciona camadas de neoliberalismo (sim vou usar essa terminologia sem dó aqui). O pós fordismo se instaura numa corrida para buscar um lugar ao sol do vício alheio. "Jogue o jogo", "não faça juízo moral, faça o que o algoritmo manda", "não pense, produza". 

Sim, não há o almejado sucesso aqui, é possível apontar o dedo para uma suposta frustração de alguém que não ganhou nada na internet em termos monetários mas a despeito disso há um certo orgulho do amadorismo, no que ele representa em tempos de monetização de paixões.

O dito Culto do Amador, desenvolvimento em livro sobre a falta de critério técnico e profissional promovida pela internet, dá lugar hoje a profissionais gabaritados obrigados a agir em um mundo cão de algoritmos, conjuntamente com o número de curtidas e afins como critério de validade.

Já ouço os ecos de suposto elitismo de minha parte, numa variação do "não pense, produza direito, ok?", "vá a luta", "trabalhe enquanto os outros reclamam (pensam)". Porque é isso que se trata os conselhos de produtores de conteúdo, a proposta de não se parar para pensar. Blog? Joga essa m...para o alto, foque no que está fazendo sucesso, siga a fórmula. Pare de brincar de internet. Então, retomando o ponto do Culto do Amador, o que temos é o culto-coach-empreendedor. Trate sua experiência na internet como uma empresa.

Se ganha muito dinheiro (tenho quase certeza que mais do que ganho num trabalho formal) mas do que vejo o trabalho é muito grande. Pessoas que ao mesmo tempo ensinam os truques (lunático, o ladrão, tal qual os mestres do iôiô) e se dizem cansadas, que invejam quem tem o "poder" de simplesmente "fazer nada" durante o final de semana, porque nessa de monetizar as paixões tudo precisa se transformar em produto, o tempo todo. O sempre criticado "viver no final de semana", vira um oposto exaustivo, o exaurir a vida de tudo, inclusive dela mesma. Não se espera o final de semana, se espera o final da festa, só que não há festa. Muitos querem entrar nessa suposta festa mas...não há festa.

Enfim, mas e Chaves e a Filosofia? Ele segue, como um produto, mas que ao mesmo tempo não quer ser produto. Criticável sim, só que o desvio da crítica é tranquilo. Inclusive me animo mais com algo como "Que merda é essa?", do que problematizações vazias, ao que parece tuiteras, de que o seriado é politicamente incorreto e que o empreendimento Chaves e a Filosofia é moralmente condenável porque...porque sempre se está errado para suprir as expectativas pós modernas. Portanto, segue o jogo, com os que ganham, os que perdem e os que reclamam de tudo.