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segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Você não viu por aí algum cachorro que possa vir a sujar as minhas calças?

"Sem sorte não se chupa nem um picolé de limão" (Nelson Rodrigues, dizem...talvez acerte por sorte) 

A questão da sorte aparece bastante na vida comum. Preciso admitir que passei por um período turbulento nesse começo de ano e eis que lembrei da frase do nosso querido professor que está no título. Em filosofia o conceito que mais aparece e é digamos...similar é o conceito de fortuna. Seja em Aristóteles em sua ética e poética, seja com os estoicos que visam superar a sujeição do homem a boa e má fortuna, até mesmo com Maquiavel que usa do conceito de fortuna e virtú para caracterizar um agir sábio no campo político.
Talvez não se dê tanta atenção ao que seria sorte enquanto algo tido como superstição mas que ela existe existe. Ou não? O mais preciso é quem sabe? 
Pois sim, muitas vezes e com certa razão o fenômeno é descrito como psicológico, ou seja, enxergamos padrões e tendemos a associar sorte ou falta dela levando em consideração eventos aleatórios.
De fato algo "moderno" no que se chama de modernidade e enquanto paradigma moderno se mostra no que se tem por "mecanicismo". O mecanicismo se pauta na ideia de que dado uma serie de fenômenos e dados que ocorrem segundo a lógica de causa e efeito, o poder científico cada vez mais inteirado das causas dos fenômenos poderia prever todos os acontecimentos futuros. Tudo seria uma questão de calcular, aprimorar o processamento de dados e assim chegar a resultados de previsão visto que estamos em um mundo mecânico,controlável e explicável.  Passamos de Newnton (querendo ou não porta voz desse paradigma mecanicista) até Einstein , de uma visão mecanicista passamos para uma visão "quântica" com novos problemas e questões, bem como muitas incertezas. Ao ponto que se proclama que a única maneira de se saber a hora exata é possuindo um relógio quebrado, pois só assim se saberá a hora certa duas vezes ao dia. Em outras palavras a visão mecanicista já não encontra resguardo. Se descobre que a natureza não pode ser reduzida a um mecanismo e prevista em sua totalidade.
Ao   mesmo   tempo   o   caos   ,   a   falta   de   sentido,   o   efeito   borboleta,   o movimento molecular aleatório, todo universo que se contrapõe ao mecanicismo nos deixa face a face com...a sorte. Sorte esta que se faz presente na figura do aleatório e da fortuna.
Transportando essa realidade para a vida trata-se de uma velha antítese entre týkhe (fortuna) e tékhne (técnica, arte ou ciência humana). Podemos pensar que todo esforço técnico para uma vida tranquila e controlada, com avanços científicos alcançados por meio da técnica para fugir de estar entregue à fortuna nos levaram ao paradoxo de se comprovar pela técnica (ciência) o "domínio da fortuna" em boa parte dos processos do universo. 
A grande pergunta seria como harmonizar esses elementos na vida humana týkhe (fortuna) e tékhne (técnica). A resposta do nosso querido professor no seriado foi não só aceitar como imaginar mais uma possível situação promovida pela fortuna (ou falta dela, falta de boa fortuna ter as calças sujas).
Por fim o que se viu no seriado foi que a situação imaginada se tornou realidade mas daí a ver uma relação entre imaginar e acontecer é uma outra história...  

http://www.seer.ufs.br/index.php/apaloseco/article/view/5150/pdf
http://cienciassociaisefilosofia.blogspot.com.br/2007/10/maquiavel-virt-x-fortuna.html
http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/os-estoicos.htm

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