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quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Foucault e Chaves (2)

"Mas eu não rezei para que encontrassem o ladrão. Rezei para que o ladrão se arrependa e se torne bonzinho..." (depois, música reflexiva e triste)


Fiquei de escrever essa continuação e ao contrário da terceira parte do episódio dos piratas que nunca foi ao ar (pelo menos aqui no Brasil e todos outros países fora o México), cumpro a promessa de uma outra parte e escrevo a continuação.
Na primeira parte tinha dito que falar sobre Foucault seria complicado e desagradaria tanto quem gosta quanto quem desgosta do filósofo francês. Continuo dizendo isso , falar sobre Foucault é complicadissississimo por várias razões desde a complexidade dos seus textos em si, até tudo que se fala sobre ele de bom e de ruim, numa espécie de "mística" que paira sobre a figura dele. Como já disse também, agora desagrado os "antifoucaultianos", não que eles precisem de um texto para serem mais desagradados, Foucault já fornece material e polêmica suficiente. Chamado as vezes de irracional e sem lógica, acredito que a idéia comum e a lógica de "bandido é bandido", a idéia que quem estuda a origem e procura uma explicação da criminalidade é defensor da bandidagem, essa sim é a verdadeira irracionalidade. * 
Um dos livros mais importantes escritos por Foucault é Vigiar e Punir. O livro começa pela narrativa da tortura, suplício e esquartejamento de um parricida, em 1757. A narrativa é feita em detalhes e acaba dando ênfase da diferença dos dias de hoje e de como essa tortura com o tempo (isto é, ao longo dos séculos XIX e XX), transmuta-se em outra coisa, transfere-se para outro lugar. Não só passa do corpo para a “alma”, a tortura deixa também de ser prerrogativa de quem detém um poder político que se sustenta fortemente na moral religiosa, no crivo religioso, para passar a ser prerrogativa do poder legal, do poder educacional, do poder psiquiátrico, do poder presente no trabalho etc. Em outras palavras, passa a ser tortura disseminada, difusa, ou seja, praticada em todo lugar mas sem esse nome e sem que se consiga perceber. 
E o que isso tem a ver com o nosso querido seriado? Pois sim...nesse episódio depois do exílio o garoto Chaves vai se confessar com o padre (logo no começo do livro de Foucault a condenação de Damiens - o parricida- é pedir perdão publicamente diante da porta principal da igreja de Paris), depois reza pra que o ladrão se torne bonzinho e se arrependa, ou seja, que sua alma seja curada. E de fato o ladrão fumad...digo sr. Furtado acaba se arrependendo e ficando bonzinho mas através da própria consciência, ao contrário do que normalmente acontece e da descrição do filósofo de que o Estado- presente no sistema prisional com a sua punição baseada na disciplina e vigilância- pretende não necessariamente fazer justiça ou mudar consciências, mas sim manter o status quo e a sociedade do jeito que está.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1504200815.htm
http://viniciusfigueira.wordpress.com/2012/06/30/foucault-vigiar-e-punir-resenha-para-preguicosos/
http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/saiba-mais-obra-vigiar-punir-michel-foucault-678921.shtml


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