Seguidores

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Obrigatoriedade da filosofia-obrigatoriedade de Chaves

"Chaves não serve para que uma criança saiba qual a capital da França, sua função é simplesmente divertir e sem fazer uso de piadas preconceituosas ou racistas"
(Roberto Gomes Bolaños, frase de cabeça puxada pela memória mas é assim, mais ou menos...)

Preciso confessar que já me questionei quanto ao ensino da filosofia. Será que ela é necessária ao ponto de ser obrigatória enquanto se sabe ler pouco? Enquanto se é deficiente em matemática? Filosofia é importante tal qual essas duas matérias, português e matemática? Existem pessoas que nunca fizeram uma questão filosófica em suas vidas (pelo menos ao meu ver acredito que essas pessoas existam) isso faz de suas vidas algo pior? Não sei se responderei essas perguntas todas nem vejo como obrigatória sua explicação para avançar no tema até porque a filosofia vai além de um jogo de respostas na maioria das vezes.
Este debate é antigo e lembro que um colunista daqueles direitistas e "azedo" resolver se meter na questão. Excetuando todo discurso de "molestamento ideológico" e toda pobreza conceitual que se segue disto colocando questões que inclusive busquei responder no texto anterior sobre escola sem partido, afirmando que a filosofia seria uma conspiração de "Marxização" do Brasil criando alunos submetidos a "doutrina comunista" (formar para o mercado de trabalho não é doutrinação, ahan) , enfim feita essa ressalva o texto do colunista apontava nessa direção se não seria mais urgente se concentrar em matérias como o português e matemática. Neste aspecto dá para se conversar. De fato acredito que seja importante esse aspecto básico de possuir uma base de conhecimento mínima da língua , da matemática. Trata-se de uma questão importante reparar a situação terrível de praticamente semi analfabetismo em séries avançadas , estudantes que não sabem multiplicar estando no ensino médio. Daí se sobressai duas questões: Primeiro o aspecto de aprendizado e até epistemológico, aprendemos de maneira fragmentada e não há espaço para apreender conjuntamente? Em outras palavras , o conhecimento se dá tal qual um computador ou alimento? E daí é preciso se alimentar de conhecimento e ir preenchendo até a saciedade ou até se esgotar a memória? Segundo, o caráter pragmático-científico da filosofia, a filosofia possui essa validade atrelada ao status científico que aufere importância ou desimportância?
Caímos então em uma pergunta natural e difícil de se responder: o que é então a filosofia? E temos respostas das mais variadas , servidões (serva da teologia ou serva da ciência) , conceitos de filosofia pura, Platão, Aristóteles, Deleuze , Heidegger e desse último se tira uma noção interessante ao se pensar sobre o que é filosofia e sua relação com a ciência. A filosofia acaba se excedendo não sendo categorizável como ciência para Heidegger.  
E o Chaves nessa história? Da filosofia acredito que sua obrigatoriedade está longe de ser uma imposição ou mesmo algo possível apenas quando se alcançar a excelência em saberes básicos, até porque existe um terceiro ponto, o quanto a maior carga dessas duas disciplinas (português e matemática) faz seu aprendizado não ser correspondente , ou seja, não há uma correlação de mais horas de aula e maior aprendizado, portanto não é uma questão de quantidade. Mas e o Chaves? Além de ser interessante pensar na sua exibição ininterrupta contrariando qualquer expectativa desde o começo, longe também de uma imposição exibir Chaves acaba sendo uma simbólica resistência. Outra questão é a da frase inicial, mesmo que não seja um programa educativo Chaves acaba ensinando no próprio processo de divertimento. Talvez a filosofia ensine no próprio caminho do filosofar e nos problemas que ela mesmo cria e nas resoluções que apresenta para os problemas humanos por mais de 25 séculos...