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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Seu Madruga, Jaiminho e o Direito a Preguiça

"Não existe trabalho ruim, o ruim é ter que trabalhar."
Seu Madruga
"É que eu quero evitar a fadiga"
Jaiminho, o carteiro
" O homem é o único animal que precisa trabalhar"
Immanuel Kant

O Direito a preguiça trata-se de um livro, na verdade um panfleto com o mesmo nome, escrito por Paul Lafargue. O título chama bastante a atenção de qualquer um e aposto que chamaria a atenção dos nossos dois queridos personagens: Seu Madruga e Jaiminho. 
Os dois representam diferentes perspectivas no que tange a preguiça. Explico (tento) : enquanto Seu Madruga é a personificação do que pretende o livro (diria até que é contemporâneo do autor tamanha a sua aversão ao trabalho), na sua defesa à preguiça, tanto no seu modo de vida como em frases que diz, fora o fato de Lafargue ter escrito o livro em 1880 (portanto é um pouco mais velho que Don Ramon) daí eles viram mesmo contemporâneos. Por outro lado Jaiminho é diferente: podemos deduzir que sua preguiça (representada no repetido refrão:-"É que eu quero evitar a fadiga"), provém do seu trabalho que se faz cada vez mais cansativo - pois além do já puxado trabalho de carteiro ele tem de carregar a bicicleta que lhe dão - já que não sabe andar nela. A bicicleta que poderia evitar tanta fadiga, acaba gerando mais fadiga. Diante disso Jaiminho representa o que é descrito no livro sobre o que o trabalho faz ao proletariado: os envelhece precocemente, debilita e embrutece. Resumindo: Seu Madruga é preguiçoso de nascença, Jaiminho por maioria de votos.
Mesmo com a terceira revolução industrial: robôs, mecanismos automáticos, cibernética, o trabalho não diminuiu , tudo poderia ser melhor mas o que se vê é desemprego para muitos e horas extras para outros.Se falarmos em números veremos como anda a situação brasileira hoje no Brasil (sic): foram criados aproximadamente 8,6 milhões de novos empregos nesses últimos anos , a maioria com salários em torno de 500 a 700 reais , em contrapartida algo em torno de 2 milhões de empregos deixaram de existir , estes empregos com salários de 900 a 1200 reais. Além disso, dessas pessoas que estão empregadas cerca de 74% trabalha em dois empregos, ou seja, a pessoa que trabalhava 8 horas por dia ganhando um salário de 1200 reais , agora trabalha em dois empregos para manter o que ganhava antes. 
Em meio a tudo isso reinvidica-se o direito ao trabalho , mas e o direito a preguiça? Como diria Seu Madruga a própria palavra já diz (!), não esqueçamos que "trabalho" deriva do latim "tripalium". "Tripalium" era um instrumento de tortura, usado para torturar escravos. Dito assim parece que o livro é totalmente anti trabalho, porém é preciso situa-lo melhor. Na época em que foi escrito, os trabalhadores nas oficinas parisienses (isso é na França que é capital de Paris digo..ops) trabalhavam em média 15, 16 e até 17 horas, em péssimas condições de trabalho (a vida é labuta, disse a formiga!). Mesmo com essa situação muitos operários estavam convencidos de que o trabalho em si mesmo era uma atividade dignificante e benéfica.
Hoje em dia, há em certos lugares na Europa a ideia de um tempo para descanso no trabalho, geralmente depois do almoço permitem que os empregados descansem. Isso funciona bem por lá mas e aqui no Brasil? No México? Vamos pegar o exemplo dos boias frias daqui , se fosse dito a eles que depois do almoço poderiam descansar muitos provavelmente não aceitariam, pois eles ganham de acordo com o que produzem, logo, não podem se dar o luxo de descansar.
Na verdade a ideia de ócio no livro-panfleto vai além, Lafargue, 120 anos atrás, já alertava os trabalhadores para o fato de que a jornada de trabalho poderia ser substancialmente reduzida (segundo ele, poderia ser de apenas três horas), caso os avanços tecnológicos fossem usados em benefício dos que trabalham e não em proveito dos que lucram . Ele assegura que os trabalhadores não conseguirão convencer os patrões a investirem em inovações tecnológicas se trabalharem muito. Ele diz: "É porque vocês trabalham muito que as máquinas industriais se desenvolvem lentamente". E fala que eles só obterão mudanças rápidas no aperfeiçoamento das máquinas se, ao contrário, não trabalharem muito. Percebemos aí que se o trabalhador é responsável por isso, também há a possibilidade de mudança pelas mãos do próprio trabalhador.
É evidente que o trabalho, respeitando-se a necessidade humana de ócio e tempo livre, é uma atividade imprescindível a todos. Mesmo nosso querido Madruga tem consciência disso, e o mais engraçado é que mesmo quando trabalha ele o faz por preguiça, como quando diz que arrumou um emprego devido a uma frase que ouviu na TV:" - Não existe nada mais trabalhoso do que viver sem trabalhar", ou seja, o emprego lhe serviu para ter menos trabalho do que teria se não trabalhasse.

http://www.culturabrasil.pro.br/direitoapreguica.htm
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paul_Lafargue
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Direito_%C3%A0_Pregui%C3%A7a
http://www.culturabrasil.pro.br/Koren.htm

2 comentários:

  1. Belo artigo, meus parabéns!

    Só que ele tem muitos erros de português, mas tudo bem...

    Passem depois em meu principal "fotolog", relacionado ao material artístico que produzo: http://flogvip.net/alberteeinsteinecia.

    Bom, abraços e até mais então!

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  2. Opa (!) muito obrigdo Sávio, passarei pelo seu fotolog... e quanto aos muitos erros de português ,tenho consciencia deles e inclusive coloco em pauta no primeiro post http://chaveseafilosofia.blogspot.com.br/2008/12/por-que-no-chaves-e-filosofia_2177.html me referindo a visível "semi-analfabeticie", solucionei grande parte do problema com uma fantástica revisora (Florinda Meza) , o caso é q é muito bom tê-lo como leitor, um abraço!

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