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terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Extra! Extra! Treze pessoas enganadas...


" -  Este jornal também é da semana passada"
(Seu Madruga)

Não se trata de pegadinha, isso é realmente um post. Já tratei um pouco disso aqui , quando digo da torre de marfim que a filosofia é colocada e principalmente dos filósofos, tidos como seres que enxergam acima de todos, para além do senso comum. E é especificamente de "enganos" que gostaria de falar, porque eles existem.
Parece existir uma aura e mística na filosofia vista de fora, por quem não é da filosofia, de que filósofos não se enganam ou até que não podem se enganar. Ao meu ver isso pode criar limitações e até entraves na filosofia, porque ela vive de discussão, erros , críticas, auto-críticas e até diria que de certas idiossincrasias. Os enganos de certa forma enriquecem a filosofia, um certo radicalismo (no sentido de ir na raiz das questões) é bem vindo. Ao contrário do sectarismo esse radicalismo promove uma eferverscência e problemas maiores a serem resolvidos. Criticar somente o que se convenciona a criticar (partindo da convenção e não dos próprios pensamentos e ideias), evitar críticas que resvalem em si, não se posicionar ou fazê-lo de forma protocolar, tudo isso de certa forma limita o pensar e atuar filosófico.
Sartre já se declarou Maoísta, Foucault defendeu aiaitolás, Cioran defendeu um regime fascista na Romênia, Heidegger tinha carteirinha de filiado ao partido Nazista... a lista vai além de 13 pessoas enganadas provavelmente, mas nem por isso eles que se enganaram foram menos filósofos, nem por isso deve-se esquecer o que defenderam, ou pior ainda: não estudá-los.Fazer parte de algum movimento não o torna instantaneamente corruptível com o livre pensar.
Muitos que se dizem livre pensantes que não se dobram a dogmatismos, acabam sendo dogmáticos nesse ponto- e se declaram acima da discussão- porque pensam que a partir do momento que qualquer um, em qualquer contexto, adere a algum movimento, o livre pensar foi maculado (até mesmo se tal pessoa que aderiu a algum movimento volte atrás e reveja de maneira crítica sua posição passada). Ao mesmo tempo, sob essa ótica, críticas só são consideradas válidas se houver nelas uma solução do problema que está sendo criticado. Mas será que é esse o papel da filosofia? Criar soluções? E o valor da discussão? Será que não devemos buscar justamente combater soluções apressadas para problemas complexos?
Longe de ser um livre pensador, quem se coloca acima de ideologias está preso a esse pensamento de torre de marfim, acima de todos, sem ver que seu posicionamento é também ideológico e sem disposição para discussões ou ouvir posições diferentes da sua.   
Por fim, até mesmo ao pensar que estamos enganados podemos nos enganar, já diria um certo sofista-professor da vila. Pois então que se viva o engano ante viver evitando se enganar, evitando críticas, evitando se posicionar. Não se muda o mundo ou se soluciona coisas não se posicionando e se envolvendo. Como já diria o incrível mestre José Angelo Gaiarsa: "quem não se envolve não se (des)envolve" 

http://www.cartacapital.com.br/revista/766/cinismo-e-cegueira-ideologica-6481.html
http://www.institutosapientia.com.br/site/index.php?option=com_content&view=article&id=1165:o-conceito-de-esclarecimento-segundo-kant-&catid=31:artigos-filosoficos&Itemid=111

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