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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Teria sido melhor ir ver o Pelé * (Chaves e a estética)



-"Em espetáculos públicos uma mulher decente nunca vai sozinha"
-"Então o que que a senhora tá fazendo aqui" (diálogo pouco belo entre Don Ramón e a Brux...digo dona Clotilde)

 Eis que volto com o belo , ou melhor, o ramo da filosofia que dentre outras coisas o estuda, a estética. Além disso ela estuda os fundamentos da arte. A estética se ocupa desde moças de biquíni até mesmo chimpanzés reumáticos. Estética vem do grego e pode ser traduzida como "sensação", "percepção". Os dois exemplos citados podem ser objetos de estudos estéticos, tanto a moça de biquíni (belo) como o chimpanzé (não necessariamente belo). Por exemplo, no caso da moça de biquini podemos relacionar com uma obra dita clássica, como uma escultura ou pintura estritamente artística, ou seja, autônoma, sem nenhum intuito pedagógico ou político aparente, sem uma razão funcional, arte pela arte. Esta inclusive é uma corrente da estética, que parte deste princípio para definir o que seria arte. Nessa visão, algo autônomo. Já o chimpanzé reumático pode estar ligado a algo de cunho político , que pretende fazer uma crítica (seja lá ao que for). Nesse caso há correntes dentro da estética que considerariam o chimpanzé arte, enquanto a corrente da arte pela arte o excluiria e não o consideraria arte.
Em meio a isso pode-se surgir a crítica de um "vale-tudo" no que se seria arte. Uma pergunta comum seria: - então tudo é arte? Porém, para se responder essa crítica e a pergunta, a estética se usa do conceito que existe a arte e um fazer com arte. Pode-se cozinhar com arte mas nem por isso sanduíches de presuntos serão automaticamente considerados arte.  Segundo Pareyson (estudioso da estética), a obra de arte é um objeto "em construção", já que desde o seu início, mesmo antes de tomar forma física e existindo apenas enquanto vontade "informe" de criação, ela já entra em um processo interpretativo por parte do artista. Essa interpretação continua em todos os estágios da sua existência e da sua permanência no mundo, defronte a cada ser humano que entre em contacto com a obra. A obra define-se exatamente nessa presença em face a uma interpretação. Quando a obra não é pensada, relacionada, discutida, ela deixa de ser obra. Assim, Pareyson define a sua Estética como uma "teoria da formatividade", pois a obra está em permanente "formação".
Este é um dos muitos objetos de estudo da estética, mas o que isso tem a ver com o seriado? Bom, fora o fato de eu acreditar que o programa é feito com incrível arte, podemos pensar a estética questionando as emoções produzidas dentro dos fenômenos estéticos, ou seja, se perguntando o que a arte produz de emoção no indivíduo. Nesse caso, pode-se notar no seriado que é o cinema que produz essa emoção. Uma obra (no caso um filme) leva a uma emoção e ao mesmo tempo uma conclusão estética e filosófica (!). A de que diante da experiência estética de assistir o incrível "filme do pelé", eu prefiro vê-lo novamente a ter que assistir outro filme, prevendo até mesmo antes do final do outro filme que teria uma experiência estética superior caso assistisse o "filme do pelé". Em outras palavras: "Teria sido melhor ir ver o filme do Pelé".

* Não sei se todos sabem mas o filme no original não é do Pelé e sim El Chanfle do próprio Roberto Gomes Bolaños, o "filme do Pelé" foi coisa da dublagem brasileira.

http://www.edubraga.pro.br/estetica-aesthetics/arte-e-autonomia-a-contribuicao-decisiva-da-modernidade/
http://revolucoes.org.br/v1/blog/arte/revolucao-estetica-e-seus-resultados-por-jacques-ranciere
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A9tica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Luigi_Pareyson

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