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quarta-feira, 9 de maio de 2018

Já ir se acostumando ou suspender o juízo?


(Chaves em sua afasia)



Não me lembro se já comentei por aqui ou em outro lugar sobre a suspensão de juízo (epoché). Não é uma "ferramenta" exclusiva dos filósofos ditos céticos, porém o exemplo dos céticos é bastante utilizado para ilustrar esse procedimento filosófico. E se trata exatamente de um procedimento, adotado inclusive em discursos de filósofos atuais diante de posicionamentos que levariam a contradições ou mesmo incorreções no pensamento, inviabilizando até qualquer continuidade possível de diálogo. Mesmo correndo o risco de ser simplista demais por aqui , digo que a grosso modo podemos falar em polêmicas vazias que não acrescentam nada, na maioria das vezes. Alguns filósofos quando se veem contra a parede (conceitualmente), se utilizam da suspensão de juízo e exteriorizam: - Suspendo meu juízo. E ficar contra a parede é uma alusão feliz , devido o termo grego encontrar certa similaridade com "parede" e "obstrução". Antes desse estágio de suspensão de juízo há a afasia que se faz presente na ausência de fala diante de algo absurdamente fora da realidade, ou mesmo diante de dilemas que não encontram resposta possível. 
É comum ao se explicar a suspensão de juízo se pensar que há uma fuga do debate, de uma postura conformista ou de quem se acostuma, mas as vezes até a pretensa realidade se mostra por demais inverossímil que cabe o recurso de se suspender o juízo.
Na filosofia é comum se questionar quanto a existência real e concreta, estamos apenas sonhando? O que garante que meu cérebro não está em uma cuba isolado, recebendo informações de um computador? A suspensão de juízo nesse caso passa a ser uma necessidade para se seguir em frente.   
No cenário atual de eleições no Brasil, é difícil não participar ativamente de discussões e se distanciar, mas cabe sempre a surpresa com a realidade. Provavelmente qualquer pessoa de fora estaria embasbacada. Há pessoas adultas e em pleno gozo de suas faculdades com a intenção de voto em um candidato que não merece a mínima consideração. Mesmo que se fale em se mobilizar e explicar o óbvio e debater, não ser arrogante e dialogar, ainda alimento uma certa percepção de que se trata de uma brincadeira, simplesmente dada uma realidade tão esdrúxula cabe suspender o juízo. Se tal postura é certa ou errada, o mais certo é...quem sabe? Até realmente saber da candidatura, do desenrolar das eleições, debates e resultado disso tudo, suspendo meu juízo.       
Alguém poderá dizer: - Mas você aí fica brincando, quero ver quando for eleito. Bem, nesse caso é possível entrar em uma paralisia chavística total, talvez o país inteiro fique paralisado e o jeito vai ser esperar uma daquelas borrifadas de água fria, bem forte...

https://revistacult.uol.com.br/home/o-inicio-sexto-empirico-e-o-ceticismo-pirronico/
http://problemasfilosoficos.blogspot.com.br/2015/03/o-caso-dos-cerebros-numa-cuba-por.html
                                       

4 comentários:

  1. Isso é fodaaa, pq não cria um canal no YouTube? Abraço

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  2. Muito obrigado pelo comentário e prestígio. Agora que foi falado até que parece uma boa ideia, para isso terei que vencer a extrema falta de intimidade com os videos mas acho interessante a ideia, forte abraço ;)

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  3. Genial esse blog! Parabéns ao idealizador. Não pare jamais de alimentar essa página. Nossa sociedade necessita de conteúdos como esses. Avante!

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