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quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Educação e Chaves e a Filosofia

-"Eu sou pedagogo"
-"E eu que culpa tenho"

(Diálogo entre o professor lingu...digo professor Girafales e Sr. Madruga)




A educação também é ocupação da filosofia. Obras como O mestre ignorante do filósofo Jacques Rancière e quase que todas obras de Silvio Gallo, são exemplos dessa ocupação e filosofar partindo da ideia dos fundamentos da educação mas principalmente do que seria educar em filosofia, ou seja, o que isso representa.
A fala de Seu Madruga (ou Don Ramón), apresenta uma perspectiva interessante em se contrapor uma pedagogia de um lado e a vida concreta de outro. Embora seja um grande tema até para outra postagem, é preciso dizer que o ambiente do seriado, apesar da fala e do video em destaque no começo, talvez não seja o melhor para vislumbrar algo que seja: "minha nossa mas que maravilha de discussão pedagógica", até porque o objetivo já declarado pelo próprio criador do seriado, Roberto Bolaños, é entreter e com a frase correta ao invés da falha de Don Ramón. Nas palavras de Chespirito o programa não é para que se saiba a capital da França mas para que se possa rir com algo simples e inofensivo. 
Entretanto, em postagens anteriores em que respondo um texto que desqualifica o seriado após a morte do autor da série atribuindo o contrário de algo "simples e inofensivo" recebi um comentário revoltado com a defesa...de uma arte que não tem obrigações pedagógicas. O texto ao qual me referi na dita postagem ressalta o mestre Cantinflas que para exemplificar seria algo como o Chaplin mexicano. Porém, é estranha uma "glamourização" e romantização de Cantinflas para uma crítica ao Chaves supostamente já consagrado. Esse tipo de postura não só parece artificial, como aparenta mostrar uma certa intelectualidade e bom gosto frente a um público geral ignorante, algo que remete a adolescência e a disputa pela banda mais obscura a se ouvir. O caso é que os "problemas" de Chaves não estão livres de ocorrer em Cantinflas e em vários outros tipos de programas antigos como três patetas, irmãos Marx etc. Da mesma forma programas atuais que passam em um atual "filtro" podem não passar em um novo filtro amanhã e até mesmo não são 100% simples e inofensivos nos padrões atuais. 
Não se trata de uma crítica do mundo chato e politicamente correto mas de algo elementar (regras de educação elementar já diria o mestre Girafales), há um contexto envolvido. Pessoas que não estão em uma atividade pedagógica, mas sim assistindo TV. Quem gosta do seriado não agirá conforme o que acontece em uma vila hipotética e reproduzirá tudo que acontece em um seriado dos anos 70 e 80 sem o mínimo de critério, isso é no mínimo risível. É possível gostar do seriado e ser crítico em relação a muitos pontos. Piadas que eram comuns não são mais, porém não se pode chamar de hipocrisia simplesmente gostar de um seriado. 
Um sinal dos tempos é se fazer militância com pauta moral, as vezes se é bem intencionado mas por melhor que seja a intenção, a política não é um jogo moral individual. Pensar a educação e pedagogia é também se preparar para enxergar os contextos.
Mas e a filosofia nisso? Pois sim, não estudar Aristóteles por ter sido a favor da escravidão, Nietzsche por ter tido seu discurso corrompido e por algumas posições polêmicas. Heidegger por seu envolvimento com o Nazismo se encaixa nisso. Nada menos pedagógico que simplesmente excluir sem maiores explicações. Se sua pedagogia é essa, eu não tenho culpa.     
   

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