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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Deleuze e Chaves

Pois sim, Deleuze e Chaves aqui mas não, não é algo que se pretende muito profundo, ao contrário, ficaremos no nível mais prosaico. Aliás, num movimento de desterritorialização da profundidade, por que não dizer isso aqui? Principalmente ao se falar de Deleuze, parece que essa palavra, "desterritorializar", gerava algum ganho material ao nosso filósofo, pois é citada de forma bem ampla por toda obra deleuziana.

Eis que o paralelo que pretendo fazer por aqui são os desenhos. E veremos que tanto em Chaves quanto em Deleuze o mote de: - "vou desenhar para você entender", não é tão aplicável.

Os clássicos desenhos de Chaves e Kiko transbordam de certo surrealismo interpretativo. Alguém maldoso poderá dizer que tal qual o empreendimento de Chaves e a Filosofia mas já lidamos com isso na postagem passada então seguiremos aqui. 


Começamos com a ordem mais ou menos parecida com a do seriado, primeiro temos a primeira figura do lado direito que se trata de um tabuleiro de xadrez para principiantes (inclusive algumas figuras políticas tidas como enxadristas poderiam ter dificuldade de jogar mas não vem ao caso). A figura do lado esquerdo do xadrez é o sanduiche de ovo (ao falar já entendemos tudo que estava encoberto de significado num primeiro momento). Depois, mais abaixo, os desenhos complementares: a máquina de escrever de uma tecla só (do lado direito) e uma carta escrita com essa máquina (do lado esquerdo canhoto). Por fim, temos um lápis apontado diversas vezes (com o apontador e não com a imaginação, segundo Chaves). E para terminar, ao que parece, nesse desenho que achei, botaram um quadrado no lugar do desenho mais explícito que é o do professor linguiç...digo Girafalles.

Já em Deleuze e Guattari (esqueci de mencioná-lo mas é conjuntamente autor com Deleuze em muitas obras), no livro O que é a Filosofia, que num primeiro momento pode parecer um livro tranquilo e de fácil compreensão (spoiler: não é), há dois desenhos que chamam a atenção, começo do menos surreal para depois ir até o que é mais desconcertante e misterioso.



Em linhas gerais, esse desenho representa o que é o conceito (em seus desdobramentos), algo que é essencial no livro de Deleuze e Guattari. Ao explanar sobre Descartes em sua conceituação do Cogito (Penso logo existo) temos essa representação de: duvidar, pensar e ser, com enlaçamentos "virtuais" que ligam e conectam o conceito em sua imanência (eu avisei que era complicado) mas de qualquer forma temos aqui o primeiro desenho. E quem sabe ele não foi feito na aula tal qual no nosso nobre seriado (?)




Temos o segundo desenho e evitemos aqui piadas sobre Olavo mas literalmente é isso mesmo, temos uma caveira desenhada. Simplesmente representa a filosofia kantiana para Deleuze. 

"1. - O "Eu penso" com cabeça de boi, sonorizado, que não cessa de repetir Eu = Eu. / 2. - As categorias como conceitos universais (quatro grandes títulos): fios extensíveis e retrácteis seguindo o movimento circular de 3. / 3. - A roda móvel dos esquemas. / 4. - O pouco profundo riacho, o tempo como forma da interiorida-de na qual mergulha e emerge a roda dos esquemas. / 5. - O Espaço como forma da exterioridade: margens e fundo. / 6. - O eu passivo no fundo do riacho e como junção das duas formas. / 7. - Os princípios dos juízos sintéticos que percorrem o espaço-tempo. / 8. - O campo transcendental da experiência possível, imanente ao Eu (plano de imanência). / 9. - As três idéias, ou ilusões de transcendência (círculos girando no horizonte absoluto: Alma, Mundo e Deus)." (Deleuze e Guattari O que é a Filosofia? p.75)

E chegamos ao final dos desenhos, apesar desse último ser simplesmente mais parecido com o desenho do professor linguiça que rendeu alguns biscoitos para o nosso pobre chavinho, a carga conceitual e falta de obviedade não deixa de remeter a arte dos nossos personagens.



 



 

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