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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

As estatísticas e Olavo de Carvalho



" Sabia que cada vez que o Chaves respira morre uma pessoa na China"
Professor Girafales

Depois de testar as estatísticas do blog vou falar sobre essas "senhoras". Não tanto das estatísticas em si mas sim do uso que fazemos delas, de como usamos os fatos para argumentar e como nem sempre fatos nos levam a conclusões corretas.
Uso para isso a figura do controverso filósofo-astrólogo Olavo de Carvalho. A coisa já começa controversa diante de apenas citar o "astrólogo", pois muitos que o defendem e admiram no campo da filosofia acreditam que dizer que ele é astrólogo já é um sinal de preconceito com a sua pessoa e já indicam um texto tendencioso mas o caso é que sim, ele é astrólogo. Não sei se ainda exerce mas isso nunca foi negado, nunca houve uma retratação no sentido de uma desistência ou auto-crítica , na verdade isso revela o preconceito contra a astrologia de quem o defende (também há de quem não o defende), tida como uma desqualificação a sua pessoa, algo vergonhoso, coisa de gente supersticiosa e sem instrução. É bom dizer que no campo da astrologia há livros escritos por Olavo e muitos astrólogos o usam como referência mas enfim, aí já entra outra questão filosófica para quem admira seu trabalho como filósofo: e daí? E daí que o filósofo que você admira pratica algo que é tido como anti-filosófico? Aliás quem é que sabe o que se é ou não filosófico, a questão é: Fernando Pessoa é menos poeta por ter sido envolvido com astrologia?
Depois desse parentese vamos as famosas estatísticas, no episódio o nosso querido professor faz essa proposição de que cada vez que o Chaves respira morre uma pessoa na China. A questão não é questionar quanto a essa proposição mas sim a conclusão que o garoto Chaves tira dela que parando de respirar ele salvará da morte os chineses. Em um artigo Pedro Dória faz uma crítica num sentido parecido a Olavo de Carvalho que faz associações sobre o tema de Obama e sua certidão de nascimento, embora ao contrário de Chaves que tira e expõe sua conclusão parando de respirar, no texto de Olavo a conclusão fica no ar (de que Obama não é cidadão estadounidense e a certidão é falsa). Nos dois casos é exposto a velha falácia "post hoc ergo propter hoc" (depois disso, logo, por causa disso) , ou seja , depois que Chaves respira chineses morrem logo a morte dos chineses ocorrem por culpa da respiração do garoto. Depois que supostamente se esconde a nacionalidade de um candidato a presidência dos Estados Unidos logo ele quer destruir os EUA ou explodir Moscou (só faltou dizer que come criancinhas). Nesse ponto a filosofia além de ajudar para que não prendemos a respiração sem necessidade, seja com relação a chineses ou qualquer outra coisa, ajuda a nos tornar mais conscientes do simplismo presente em certos discursos.
Por fim digo que sempre tive curiosidade quanto ao filósofo-astrólogo, pois sempre ouvia a respeito da esquerda ser burra e dogmática em ignorar discutir a filosofia de Olavo, que há um preconceito pelo que ele representa, que por trás das paranoias e loucuras de se ver comunismo em tudo a esquerda ignora todo um tesouro de pensamento. Li pouca coisa e pra falar a verdade quis evitar a fadiga logo no começo (dizer que gays são moralmente corruptos, que a evolução é coisa de ateus comunistas, é fundamentalista e ridículo independente da erudição com que você fale isso) dos poucos artigos que li ou que consegui ler me fizeram chegar a uma diferente conclusão, a de que a "esquerda" é extremamente inteligente ao ignorá-lo. E quando se fala na experiência do próprio individuo não há o que se contestar. Há um texto em especial sobre Newton que tive o desprazer de ler que lança toda sorte de disparates , zombando , numa jactância de ignorante da ciência, distorcendo teorias científicas, colocando as novas descobertas da ciência como desqualificadora do físico. Qualquer cientista e produtor de conhecimento sabe que não existe verdade definitiva e Newton não foge a regra, não apresenta sua tese como verdade absoluta e sim justamente o contrário. Talvez o fato de Bolaños ter usado o exemplo da China poderia alimentar mais paranoias, talvez não, quem sabe...quem quiser tirar suas próprias conclusões fique a vontade de ir atrás do polêmico filósofo mas depois não digam que não avisei.

http://www.olavodecarvalho.org/semana/081117dce.html
http://omalfazejo2.wordpress.com/2008/12/01/olavo-de-carvalho-e-michael-moore/ (Pedro Dória rebatendo o artigo acima)
http://www.olavodecarvalho.org/semana/060615jb.html (artigo sobre Newton)


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